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PF faz busca e apreensão na casa da mãe do senador Aécio Neves

As investigações apontam que o parlamentar teria liderado associação criminosa com finalidade de comprar apoio político para sua campanha

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DIDA SAMPAIO/ESTADAO
MICHEL TEMER/ENSINO MÉDIO
1 de 1 MICHEL TEMER/ENSINO MÉDIO - Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADAO

A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (20/12) a segunda fase da Operação Ross, que tem como objetivo investigar o recebimento de vantagens indevidas por parte do senador Aécio Neves pagas pela J&F, entre os anos 2014 e 2017. Policiais federais cumprem três mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao parlamentar tucano – entre eles, na casa da mãe do político, em Belo Horizonte (MG).

Os outros domicílios são a casa de Frederico Pacheco, primo do senador, e uma empresa de comunicação que tem como uma das sócias a jornalista Andrea Neves, irmã de Aécio. Os mandados foram expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), após solicitação da PF.

As investigações apontam que Aécio Neves teria liderado uma associação criminosa com a finalidade de comprar apoio político para sua campanha presidencial nas eleições de 2014. De acordo com a Polícia Federal, o Grupo J&F, dos irmãos Batista, pagou propina, a pedido de Aécio, de R$ 109,3 milhões ao senador, seu partido e a outras legendas, como PTB, DEM e Solidariedade.

A operação, um desdobramento da Operação Patmos, deflagrada pela PF em maio de 2017, investiga ao suposto pagamento direto e indireto de propina de R$ 128 milhões da J&F ao senador Aécio Neves e seu grupo político entre os anos 2014 e 2017.

Com base em diligências da Polícia Federal, parte do valor foi repassada, em espécie, ao senador e outra, por meio de depósitos bancários e pagamento de serviços simulados.
As investigações mostram que o senador Aécio Neves teria recebido R$ 109,3 milhões para a campanha presidencial da coligação apoiadora do PSDB. O valor teria sido solicitado por Aécio em encontro com o empresário no início de 2014.

Ainda de acordo com apurações da PF, outra parte da propina teria sido entregue, a pedido de Aécio, a diretórios e candidatos do PSDB por meio de doações oficiais que totalizaram R$ 64,6 milhões. Ao PTB, teria sido destinado montante de R$ 20 milhões. Ao Solidariedade, as contribuições teriam alcançado a cifra de R$ 15 milhões.

O dinheiro também teria ido para outros partidos, como DEM, PTN, PSL, PTC, PSC, PSDC, PTdoB, PEN, PMN, que, juntos, receberam R$ 10,3 milhões – com o objetivo de comprar apoio político para a campanha presidencial de 2014.

A investigação também aponta pagamento de R$ 2 milhões para a campanha de Antônio Anastasia ao governo de Minas Gerais que teria sido viabilizado mediante pedido de Aécio Neves. O senador também teria solicitado, no primeiro trimestre de 2015, em novo encontro na residência de Joesley Batista, em São Paulo, R$ 18 milhões para a quitação de despesas eleitorais pendentes da campanha presidencial de 2014.

Notas fiscais frias
As diligências mostram que, entre julho de 2015 e junho de 2017, Aécio teria recebido R$ 1,35 milhão em 17 pagamentos de R$ 54 mil, por meio da Rádio Arco Íris Ltda., sediada em Belo Horizonte. O pagamento teria sido concretizado, de acordo com a PF, mediante notas fiscais frias, alusivas a serviços fictícios em favor do Grupo J&F, o que caracteriza ciclo de lavagem de dinheiro. A rádio pertence a Andrea Neves e Inês Neves, irmã e mãe de Aécio Neves, respectivamente. O senador foi sócio da rádio até meados de 2016.

Em nota, o advogado Alberto Zacharias Toron, que defende o senador Aécio Neves, afirmou que o político sempre esteve à disposição para prestar esclarecimentos e apresentar todos os documentos que se fizessem necessários às investigações.

“O inquérito policial baseia-se nas delações de executivos da JBS que tentam transformar as doações feitas a campanhas do PSDB, e devidamente registradas na justiça eleitoral, em algo ilícito, para, convenientemente, tentar manter os generosos benefícios de seus acordos de colaboração. A correta e isenta investigação vai apontar a verdade e a legalidade das doações feitas”, diz o texto.

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