PF espera que hacker Delgatti vire delator; pressão sobre bolsonaristas aumenta
Conhecido como hacker da Vaza Jato, Walter Delgatti está preso e é alvo de investigação sobre a invasão do sistema do CNJ
atualizado
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Nos bastidores da Polícia Federal (PF), a expectativa é de que Walter Delgatti, conhecido como hacker da Vaza Jato, feche um acordo de delação premiada para tentar se safar das acusações de ter invadido o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) a fim de inserir alvarás de soltura e documentos falsos contra Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Delgatti está preso desde 2 de agosto.
As especulações são de que o hacker fecharia um acordo com a confirmação e detalhes de como teim sido as negociações com a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) para cometer as irregularidades. Durante a Operação 3FA, da qual Zambelli também foi alvo, a suspeita é de que ela tenha efetuado pagamentos para que Delgatti invadisse o sistema.
A PF teve acesso a dados das transações financeiras nas quais Delgatti recebeu R$ 13,5 mil, via Pix, de pessoas próximas à deputada federal. Agora, um contrato obtido pela PF pode revelar que o dinheiro público talvez tenha sido utilizado nesse pagamento.
Após a Operação 3FA, Zambelli veio a público afirmar que os pagamentos feitos ao hacker foram para manter o próprio site. Mas negou que tenha usado dinheiro público, por meio da cota parlamentar, que destina verba aos deputados para custeio das despesas do mandato.
Contrato levanta suspeita de que Zambelli teria pago hacker com dinheiro público
“Os pagamentos foram sempre relacionados ao site, para fazer melhorias no site. Não foi da minha cota. Todo dinheiro foi de empresa que eu subcontratei, e essa empresa pagou, mas do meu bolso, não da cota”, disse Zambelli.
Investigadores acreditam ainda que um acordo de delação poderia trazer o nome do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) como mentor de um pedido para que as urnas eletrônicas nas eleições de 2022 fossem invadidas. Se Delgatti fechar acordo, seria para se defender de Zambelli. No ato de sua prisão, o hacker já havia confirmado o encontro com o ex-presidente.
Pessoas que têm acompanhado de perto as investigações e conversaram com o Metrópoles relatam que a deputada estaria disposta a comprometer ainda mais Delgatti para livrar seu nome de acusações.
Segundo as investigações, a invasão do sistema foi realizado “com a utilização de credenciais falsas obtidas de forma ilícita”. Se confirmada a participação de Zambelli, a parlamentar pode responder pelos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica.
A parlamentar prestaria depoimento à PF na última semana, mas a oitiva sobre o caso foi adiada, ainda sem data marcada para ocorrer.
CPMI
Já Delgatti tem depoimento marcado na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) de 8 de janeiro para quinta-feira (17/8). A expectativa é que ele feche a delação antes de se explicar aos parlamentos do Congresso Nacional. Delgatti está detido na Polícia Federal em Araraquara (SP).
Nesta terça-feira (15/8), o fotógrafo Adriano Machado será ouvido. Jornalista da Agência Reuters, o profissional estava nas manifestações dos golpistas realizadas no Palácio do Planalto e registrou a depredação de bolsonaristas na sede do Executivo.
O presidente da CPI de 8 de janeiro afirmou que a convocação do fotógrafo acontece porque ele teria testemunhado o crime.