Petrópolis: filha de atendente da Defesa Civil é vítima de desabamento
Atendente da emergência da Defesa Civil descobriu que sua filha, Sarah Walsh, e o genro, Bernardo Albuquerque, estão entre os desaparecidos
atualizado
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Rio de Janeiro – Sandra de Fátima Walsh, de 62 anos, trabalha como atendente na Defesa Civil de Petrópolis. Ela é encarregada de responder aos chamados de emergência relacionados a ocorrências diversas, das quedas de árvores a casos mais graves como deslizamentos de terra.
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Na noite de terça-feira (17/2), Sandra descobriu que sua filha, Sarah Walsh, e seu genro, Bernardo de Albuquerque, estavam entre os desaparecidos após um grave desabamento registrado horas antes no Morro da Oficina, no bairro de Alto da Serra.
Sarah, de 32 anos, e o marido Bernardo, de 26 anos, estavam em casa naquele fim de tarde quando uma avalanche de lama, pedaços de rocha e destroços soterrou o lugar onde moravam.
“Em quase dez anos, presenciei muitas chuvas em Petrópolis. O telefone não parava de tocar nesse tipo de situação. Mas nunca houve algo nessa proporção”, diz Sandra, em entrevista ao Metrópoles.
Ela estava na estrada, voltando de uma viagem ao Rio, quando a tempestade destruiu parte da cidade de Petrópolis.
Ao chegar, recebeu a ligação de um irmão que a orientou a não ir à casa no Alto da Serra e seguir direto para o endereço de sua mãe, no centro da cidade. No encontro com a família, recebeu a notícia.
“Meu irmão contou que, assim que soube do deslizamento, correu até a nossa casa. E ao chegar lá, viu que não existia mais nada”, lembra.
Ela faz uma pausa e acrescenta: “Morava lá há 55 anos”.
O terreno da família Walsh estava situado na Servidão Frei Leão, nº 524, de Alto da Serra.
No início, existia por ali a casa onde Sandra cresceu. Depois, ela formou família, teve dois filhos (Hector e Sarah), e construiu uma segunda casa no mesmo terreno.
A casa original acabou sendo ocupada por Sarah, após sua avó decidir se mudar para o centro de Petrópolis.
Bernardo morava no Rio antes de se casar. Formado em filosofia, trabalhava como adestrador de cães na cidade serrana. Sarah fez graduação em tecnologia da informação e optou por trabalhar como agente de saúde no próprio bairro.
“Ela visitava as famílias de casa em casa. Conhecia todo mundo no Alto da Serra”, explica a mãe.
No momento do desastre, Sarah estava com o marido em casa, uma construção de um pavimento apenas. E no sobrado onde Sandra morava havia uma única pessoa: o namorado de seu filho.
O rapaz estava no segundo piso quando o deslizamento varreu a construção. Foi resgatado com vida e sem ferimentos graves.
Desde que recebeu a notícia do desaparecimento da filha, Sandra não saiu mais da casa de sua mãe, no centro de Petrópolis.
Preferiu não ir ao endereço onde passou toda a sua vida. “Não tenho coragem (de acompanhar o trabalho das equipes de resgate). Não tenho estrutura para ficar lá perto”.