Petistas põem na conta do Congresso gastos com atos pró-Lula
Parlamentares pedem reembolso ao Congresso por despesas com deslocamento e alimentação em protestos contra prisão de ex-presidente
atualizado
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Parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT) repassaram, ao Congresso Nacional, despesas relacionadas à campanha da legenda contra a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado na Operação Lava Jato. A reportagem encontrou, na prestação de contas mensal de sete políticos, custos com deslocamentos e alimentação que somam R$ 3.769,45.
Os gastos foram registrados em São Bernardo do Campo (SP), onde o petista fez um ato no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, nos dias 5 e 6 de abril, após a ordem de prisão, e na região metropolitana de Curitiba, cidade onde Lula está preso desde o último dia 7. Os valores podem aumentar, porque as bancadas têm 90 dias para enviar às respectivas casas legislativas documentos comprobatórios para pedir reembolso de despesas.
Há pagamentos de pedágio, abastecimento de veículos, táxi e Uber, passagens aéreas compradas às vésperas do voo, pão de queijo, refeições e lanches.Entre 5 e 7 de abril, o senador Humberto Costa (PE) voou de Brasília para São Paulo e depois para o Recife. Os bilhetes custaram ao Senado R$ 1.463,78. Costa disse, via assessoria, que viajou para o estado paulista “no exercício das suas atividades parlamentares para atender a uma convocação de reunião do comando do PT”, e usou a cota parlamentar para retornar a Pernambuco, seu estado de origem.
Segundo a deputada Maria do Rosário (RS), que gastou R$ 135,36 em corridas de Uber entre São Paulo e São Bernardo nos dias 6 e 7, “as ações e agendas exercidas pelo mandato estão voltadas ao exercício das atribuições políticas parlamentares, cumprindo rigorosamente princípios éticos e regimentais quanto ao uso de recursos da cota estipulada pela Câmara”.
O deputado Sibá Machado (AC) comprou uma passagem aérea no dia 7 por R$ 580,06 – de São Paulo para Brasília. Na véspera, tomou um táxi do Aeroporto de Guarulhos até o sindicato no ABC por R$ 228,42. Seu colega de Casa Nelson Pellegrino (BA) comprou passagem de Salvador para São Paulo no dia 6 (R$ 348, 78) e gastou R$ 54,90 numa cafeteria do aeroporto. Machado e Pellegrino não responderam à reportagem até a conclusão desta edição.
No dia 9, o deputado Paulo Teixeira (SP) gastou R$ 165,28 em táxis em Curitiba e São José dos Pinhais, onde fica o aeroporto Afonso Pena, e abasteceu o carro (R$ 140) em São Bernardo no dia 5. Sua assessoria disse que, nesta data, ele participou de reunião da Executiva Nacional do PT e, no dia 9 de abril, esteve em Curitiba para reunião da Comissão Executiva Nacional da legenda.
O deputado Vicente Cândido (SP) abasteceu o carro em São Bernardo por R$ 202,17 no dia 7 e, na véspera, pagou R$ 57 por um almoço na cidade. A assessoria confirmou que ele visitou Lula, entre outras atividades.
O gabinete do ex-presidente da Câmara Marco Maia (RS) gastou com combustível R$ 290,02, em São Paulo, e R$ 68,40 com pedágios nos dias 6 e 7. Ele disse que foi à vigília convocada pelo PT no sindicato e enviou assessores de carro de Brasília para São Paulo – por isso o pagamento de pedágio e combustível.
Sem fiscalização
Câmara e Senado não fiscalizam a aplicação da cota mensal dos parlamentares – cujos valores variam conforme o estado de origem. Os comprovantes de despesas são verificados apenas na conformidade dos tipos de gastos previstos. Os deputados e senadores são responsáveis pela veracidade e por garantir que a aplicação seja ligada ao mandato, em compromissos políticos, funcionais ou de representação parlamentar. É proibido o uso da verba para fins eleitorais.