Pet shop em presídio: detentos de SP cuidam de animais de rua
Iniciativa leva animais para espaço dentro de penitenciárias; detentos cuidam de cachorros e felinos até eles serem adotados
atualizado
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São Paulo – Um projeto que alia solidariedade e oportunidade de trabalho em um presídios de Taubaté, no interior de São Paulo, está resgatando animais que vivem nas ruas da cidade. Os detentos, que passam por uma seleção, cuidam dos animais até ele serem adotados.
Os presidiários são responsáveis pelo banho, tosa e alimentação dos animais. Além de ganharem companhias para o dia a dia, os sentenciados têm outros benefícios.
“A cada três dias de trabalho, há a diminuição de um dia de pena. Os presos são remunerados e recebem 3/4 do salário mínimo. Os familiares podem retirar o pagamento e isso acaba por ajudar as famílias”, conta Silvana de Carvalho, diretora do Centro de Trabalho e Educação de Taubaté.
Criado em agosto de 2019, o projeto de ressocialização com animais abandonados da cidade de Taubaté já proporcionou mudanças na cidade. Há duas unidades prisionais que podem receber animais da região que estão em situação de rua.
Na Penitenciária Dr. Tarcizo Leonce Pinheiro Cintra, há um canil com capacidade para 200 cães. Já no Centro de Detenção Provisória Dr. Félix Nobre de Campos, há um gatil que pode acomodar 80 gatos simultaneamente.
O projeto conta com a parceria da Prefeitura, do Conselho da Comunidade e de ONGs protetoras de animais.
Sentimento
Por ter surgido no fim de 2019, o projeto foi bastante impactado pela pandemia. Com as restrições impostas pela alta contaminação de Covid-19 que o país enfrentou em 2020 e em partes de 2021, os números não foram tão altos.
Nesse período de existência do projeto, estima-se que um pouco mais de 10 cães foram adotados em feiras que acontecem mensalmente. O momento da partida dos animais para um lar definitivo costuma ser bem doloroso para os detentos.
“Muitos ficam tristes porque criam uma relação de afeto com o animal que está aqui com eles todos os dias”, diz Silvana.
Mas, segundo ela, há exemplos de relações que superaram os limites das penitenciárias de Taubaté.
“Alguns sentenciados que conseguiram a liberdade e trabalharam no projeto já vieram me procurar para adotar um cachorro. Às vezes as famílias dos presos também acabam adotando um animal. É muito interessante”, completa.