Pesquisadora da USP e cicloativista morre atropelada em São Paulo
Marina Kohler Harkot, de 28 anos, foi atingida por um motorista que fugiu. Amigos e ativistas protestam
atualizado
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A cicloativista e pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) Marina Kohler Harkot, de 28 anos, morreu atropelada na noite de sábado (7/11), quando trafegava de bicicleta pela Avenida Paulo VI, no Sumaré, zona oeste de São Paulo. Segundo a Polícia Militar, ela foi atingida por um carro por volta das 23h50. O motorista fugiu sem prestar socorro e a jovem morreu no local.
O caso será investigado pelo 14º DP de Pinheiros. Procurada para dar mais informações sobre o caso, a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública disse estar apurando informações sobre o boletim de ocorrência.
Marina era ativista feminista e de movimentos que defendiam melhores políticas de mobilidade urbana. Levou sua luta também para a vida acadêmica. Formada em ciências sociais pela USP, era mestra e doutoranda pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da instituição (FAU-USP), onde atuava como pesquisadora colaboradora do Laboratório Espaço Público e Direito à Cidade (LabCidade).
Segundo informações de seu currículo Lattes, ela vinha se aprofundando em sua pesquisa de doutorado “no debate sobre segregação socioterritorial a partir de abordagens de gênero, raça e sexualidade”. Na dissertação de mestrado, defendida em 2018, Marina já havia estudado a relação entre gênero, mobilidade e desigualdade.
Movimentos cicloativistas organizaram para as 17h deste domingo (8/11) um ato em homenagem à Marina, no qual pediram mais segurança no trânsito e justiça para a jovem. O ato foi realizado na Praça do Ciclista, próximo à Avenida Paulista, na região central de São Paulo.
Justiça
Nas redes sociais, amigos da jovem e movimentos sociais demonstraram indignação pela morte. “O motorista que a atropelou segue foragido. Basta de mortes de ciclistas e pedestres no trânsito, isso não é normal!”, publicou o movimento Mobilize Brasil no Twitter, com a hashtag #NaoFoiAcidente.
O cicloativista Daniel Guth, diretor executivo da Aliança Bike, questionou as regras de trânsito adotadas em vias como a avenida em que Marina foi morta e cobrou responsabilização dos gestores municipais.
Veja:
Passou da hora de incluir prefeitos e secretários como corresponsáveis pelas mortes no trânsito. Talvez desta forma as coisas mudem. Uma via ampla em declive, sem fiscalização e c/ limite de “50 km/h”, não é condizente com a vida. E as blitz da lei seca? Viraram lenda urbana. https://t.co/Hx8qyjjHPC
— Daniel Guth (@DanielGuth) November 8, 2020
A deputada federal Sâmia Bomfim (PSol) lamentou a morte e cobrou justiça. “Muito triste com a notícia do falecimento da querida Marina Harkot. Jovem pesquisadora e ativista em defesa da mobilidade urbana, Marina foi vítima da violência no trânsito. Aos familiares, colegas e amigos, expresso meus sentimentos de profundo pesar. Contem comigo na luta por justiça. Marina presente!”, escreveu ela, em sua conta no Facebook.
A cicloativista e candidata a vereadora Renata Falzoni exigiu investigação e punição para os responsáveis pelo atropelamento. “Estamos em CHOQUE com a violência do trânsito de SP que fez mais uma vítima: nossa amiga e colega de luta, Marina Harkot. Exigimos apuração plena do ocorrido e justiça! É inacreditável tanta violência. Nenhuma morte no trânsito é aceitável! Luto total. #NaoFoiAcidente”, escreveu ela.
O escritor Gregório Duvivier também se manifestou:
Toda a força pra familia e amigos da Marina. A justiça tem que ser feita. Torcendo pra que encontrem esse assassino. #JustiçaPorMarina #NãoFoiAcidentehttps://t.co/ErkUim4jv5
— Gregorio Duvivier (@gduvivier) November 8, 2020