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Pesquisa: robôs propagam mais da metade dos posts pró-Bolsonaro

Estudo da UFRJ e da FespSP mostra que exército de ciborgues criados para fazer bombar o assunto que for conveniente para quem os comanda

atualizado

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Com atuação maciça nas redes sociais, a estratégia de comunicação do governo Jair Bolsonaro (sem partido) no Twitter, seu canal preferido, tem mais da metade de suas postagens feitas por robôs. É o que demonstra levantamento realizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com a Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FespSP), e divulgado nesta sexta-feira (03/04).

Coordenado pelas pesquisadoras Isabela Kalil (FespSP) e R. Marie Santini (UFRJ), o estudo cobriu o período de 10 a 30 de março e focou sobre as ações de comunicação dos canais bolsonaristas, mais especificamente em se tratando da pandemia do novo coronavírus.

Há dados que se referem ao dia 15 de março, data em que aliados do presidente foram às ruas em protestos contra o Judiciário e o Leguslativo. Segundo a pesquisa, robôs foram responsáveis por 55% dos 1,2 milhão de posts com a hashtag #BolsonaroDay.

A pesquisa identificou a ação de 23,5 mil usuários não humanos a favor do presidente em um universo total de 66 mil usuários que publicaram a “hashtag” naquele dia.

Vale salientar que, naquele dia, as autoridades de saúde já orientavam a não formação de aglomerações como uma das formas de enfrentamento do coronavírus. Bolsonaro desobedeceu às diretrizes do próprio Ministério da Saúde e foi de encontro aos aliados.

Exército virtual

Os robôs bolsonaristas formam, segundo o levantamento, um exército de “bots” e ciborgues criados, cultivados e programados para fazer bombar o assunto que for conveniente para quem os comanda, no exato momento escolhido para o ataque.

A essa tropa somam-se 1,7 mil contas que publicaram sobre #BolsonaroDay e, horas depois, foram apagadas do Twitter.

O comportamento, segundo as pesquisadoras, é típico de bots. Antes de sumir, o grupo foi responsável por 22 mil tuítes a favor de Bolsonaro.

Se, nas ruas, a movimentação foi reduzida no dia 15 de março, nas redes sociais ela realmentre bombou. A hashtag #BolsonaroDay entrou nos Trending Topics mundiais do Twitter, ou seja, foi um dos dez assuntos mais falados no globo.

“Como as redes sociais foram criadas para a interação entre pessoas, há um subtexto de que o que está no Twitter é a voz do povo”, analisa Marie Santini. “Mas as redes sociais são passíveis de muita manipulação”.

Infodemia

O estudo ressalta que a Organização Mundial da Saúde declarou que estamos vivendo uma “infodemia” de informações sobre o coronavírus 2019 (Covid-19).

A infodemia é caracterizada por uma quantidade e variedade excessiva de informações de diferente qualidade e credibilidade (algumas falsas, outras imprecisas, outras baseadas em evidências). Tal prática dificulta que as pessoas encontrem fontes e orientações confiáveis quando precisam, o que representa riscos para a saúde global.Whatsapp) no Brasil e no mundo.

“As desiformaçoes que têm maior repercussão e impacto na opinião pública e no comportamento coletivo são aquelas produzidas e disseminadas pelos governos e chefes de estado, devido à visibilidade, alcance e poder simbólico que possuem”, diz a pesquisa.

“Além disso, os governos e chefes de estado contam com a cobertura constante da imprensa e mídia tradicional, que divulga seus discursos e falas ampliando ainda mais o alcance de suas mensagens”. (Com informações do Valor Econômico)

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