Pesquisa mostra que rejeição à reforma da Previdência diminuiu
O estudo foi solicitado pelo governo ao Ibope e mostra que o número de pessoas contrárias às mudanças caiu de 61% para 46%
atualizado
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No trabalho de convencimento que o presidente Michel Temer tenta fazer em torno da reforma da Previdência, além de mostrar estimativas ruins para a economia caso a reforma não seja aprovada, o governo tem em mãos dados de uma pesquisa encomendada ao Ibope que aponta uma queda na rejeição da população em relação às mudanças na aposentadoria.
O Estadão/Broadcast teve acesso aos dados da pesquisa que ouviu 1.200 pessoas em novembro e constatou que 46% dos brasileiros são contrários à reforma. Em abril, o número era de 61%. O levantamento mostrou ainda que, no mesmo período (de abril para novembro), subiu de 14% para 18% a parcela dos que são a favor da reforma. Além disso, subiu de 24% para 33% aqueles que não sabem ou não têm opinião formada.
A avaliação de auxiliares do presidente é que finalmente a “batalha da comunicação” começou a melhorar e o governo agora tem dados para contrapor o argumento de parlamentares de que a reforma é prejudicial para o desempenho eleitoral dos políticos. O levantamento, realizado por telefone, traz ainda outro dado que o governo pretende explorar no esforço de convencimento.Quando o pesquisador informa aos ouvintes que a reforma “não vai mexer na aposentadoria rural”, “não tira direitos adquiridos” e também não mexe em benefícios como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a idosos e pessoas de baixa renda, a aceitação ao texto sobe. Neste cenário, o total de pessoas a favor sobe de 18% para 26%. Os contrários caem de 46% para 30% e os que não sabem cresce de 33% para 42%. Segundo um auxiliar do presidente, essa parcela que ainda não consegue decidir se é a favor ou contra o texto precisa ser atingida. “A resistência cai muito com as informações que estamos passando, por isso estamos e vamos explorar cada vez mais esse discurso”, disse um interlocutor.
O “combate aos privilégios” é o mote da campanha lançada pelo governo no dia 17 de novembro. Nesta primeira fase da campanha já foram gastos cerca de R$ 25 milhões. O governo já tem separado outros R$ 72 milhões para a publicidade e boa parte do recurso deve turbinar a campanha da Previdência, principalmente na TV, onde boa parte das pessoas ainda se informa.
Economia e eleições
Os argumentos usados por governistas também incluem prognósticos ruins para o cenário eleitoral caso a reforma não avance. No jantar promovido no domingo, a equipe econômica usou como argumento a perspectiva de consolidação do crescimento a partir de junho de 2018, justamente no período eleitoral. A narrativa foi de que, sem a reforma, o cenário para o próximo ano será de “aperto” e os governistas não terão o que mostrar no palanque porque não haverá recursos para investimentos.
Líderes partidários saíram do encontro convictos de que, se não houver um sinal positivo para o mercado sobre o andamento das reformas, todo esforço de ajuste do governo estará perdido. A equipe econômica fez projeções e mostrou os efeitos negativos para o País se a reforma não avançar, o que inclui rebaixamento de nota das agências de classificação de risco e falta de investimentos. “O mercado tem reagido positivamente à agenda de reformas e os efeitos são paulatinos, mas isso tem um prazo para isso se consolidar. A ruptura disso, ou seja, não votar, no mercado, o efeito é imediato”, resumiu o líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
Os governistas fizeram um pacto de não divulgar mais o número exato de votos favoráveis para aprovação da PEC, mas o líder governista admitiu que ainda não há sequer 205 dos 308 apoios necessários para aprovar a proposta em dois turnos. “Não tem como mudar (voto) do dia para a noite. Não é mágica, é uma construção que tem que se fazer”, afirmou o parlamentar. A mobilização será feita até a próxima quinta-feira, 7, e, se houver votos, a votação do primeiro turno ficará para a semana seguinte.
A estratégia , segundo o deputado Beto Mansur (PRB-SP), é não fazer mais nenhuma alteração na última versão do texto apresentada há duas semanas pelo relator, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), deixando a negociação para o plenário.