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Pesquisa do Google mostra perigo de o Brasil virar periferia tecnológica

Em levantamento, 57% das startups de inteligência artificial acham que falta de mão de obra prejudica desenvolvimento do setor no país

atualizado

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Curso ensina a usar inteligência emocional e artificial na moda
1 de 1 Curso ensina a usar inteligência emocional e artificial na moda - Foto: Photo by Alexandre Debiève on Unsplash

Um relatório do Google lançado nesta semana fez um panorama inédito sobre as startups que trabalham com inteligência artificial (I.A.) no país. O cenário revelado na pesquisa O Impacto e o Futuro da Inteligência Artificial no Brasil é de inúmeros desafios e de risco do país se tornar uma periferia tecnológica, perdendo a chance de se tornar uma referência nessa nova tecnologia.

A Google for Startups, em conjunto com a Abstartups e a Box1824, analisou mais de 700 startups brasileiras que trabalham com inteligência artificial. Para se ter uma noção, 57% dos fundadores dessas empresas acreditam que a falta de mão de obra qualificada é o que mais prejudica o desenvolvimento de I.A. no país.

O diretor do Google for Startups para a América Latina, André Berrence, defendeu que as universidades são importantes para a formação de talentos. Para ele, o Brasil não tem a quantidade suficiente de profissionais talentosos para o desenvolvimento da inteligência artificial no país.

Fuga de talentos

De acordo com o levantamento inédito, 37% das startups de I.A. acreditam que a fuga de capital humano é o que mais prejudica o crescimento desse tipo de tecnologia no país. Isso é, profissionais qualificados preferem trabalhar em empresas estrangeiras.

A diretora de estratégia da Box1824, Juliana Bianca, classificou que há um perigo do Brasil se tornar uma periferia tecnológica. Ela defendeu que o país deve seguir o exemplo da Estônia, que conseguiu virar um grande celeiro de tecnologia global a partir de políticas públicas, que teriam tornado mais vantajoso empreender com inteligência artificial.

Sem diversidade

O relatório ainda mostrou que as startups que trabalham com I.A. no Brasil seguem um padrão geográfico e social. Das empresas pesquisadas, 93% estão concentradas no sul e sudeste, sendo 52% em São Paulo.

Além disso, em 49% não há mulheres em cargos de liderança, 61% não têm negros em cargos de liderança, 71% não têm LGBTQ+ em cargos de liderança e 90% não têm pessoas com deficiência nessas posições.

Dados sujos

Os desafios para a I.A. não se restringem a mão de obra. Há deficiências também na padronização de dados, que são usados para construir soluções em inteligência artificial.

Juliana Lubianca disse que o Brasil tem historicamente uma péssima cultura de organização de dados. Assim, o trabalho das empresas acaba sendo ocupado em grande parte em limpar e refazer essa base de dados, que é apenas a matéria-prima para criar um produto de I.A.

Além de elencar os principais problemas para o desenvolvimento de inteligência artificial no Brasil, a pesquisa sugere soluções, como o fortalecimento da formação de talentos, padronizar as bases de dados do país e inserir a I.A. de forma positiva na cultura.

“Precisa de políticas públicas e ações privadas para incentivar jovens a valorizar o mundo da tecnologia o quanto antes”, avaliou Lubianca.

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