Personal trainer de Renan Bolsonaro foi monitorado por agente da Abin
A informação sobre o monitoramento de pessoas próximas a Jair Renan consta em manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR)
atualizado
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Um agente de confiança de Alexandre Ramagem usou a estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar o personal trainer de Jair Renan, o filho 04 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A informação apurada pela Polícia Federal (PF) consta em manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR).
De acordo com o documento ao qual o Metrópoles teve acesso, o monitoramento do personal Allan Lucena era realizado para “livrar este último [Jair Renan] de investigações já então em curso em inquérito policial”.
O monitoramento, realizado pelo agente identificado como Luiz Felipe Barros Felix, teria ocorrido “sem causa legítima”.
Segundo decisão que embasou 21 buscas e apreensões nesta quinta-feira (25/1), “os policiais federais destacados, sob a direção de Alexandre Ramagem, utilizaram ferramentas e serviços da Abin para serviços e contrainteligência ilícitos e para interferir em diversas investigações da Polícia Federal, como, por exemplo, para tentar fazer prova a favor de Renan Bolsonaro, filho do então presidente Jair Bolsonaro”.
Operação
Nesta quinta-feira (25/1), a PF realizou buscas contra o ex-diretor geral da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL) e também contra outros suspeitos de envolvimento em espionagem ilegal.
Ao todo, a PF cumpre 21 mandados de busca e apreensão. Do total, 18 são em Brasília (DF), um em Juiz de Fora (MG), um em São João del Rei (MG) e um no Rio de Janeiro (RJ).
Pelo menos 30 mil pessoas, entre elas autoridades, foram monitoradas de forma ilegal pela Abin durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. A PF apontou o uso indevido do sistema de informática FirstMile, durante a gestão do diretor-geral Alexandre Ramagem.
A corporação indicou que a equipe de Ramagem tentou interferir na investigação contra o filho do então presidente da República. O “04” era investigado por um suposto caso de tráfico de influência.
As investigações se referem ao caso em que Jair Renan e seu parceiro comercial Allan Lucena foram presenteados com um carro elétrico avaliado em R$ 90 mil.
O veículo foi fornecido pelo grupo empresarial Gramazini Granitos e Mármores Thomazini, que, um mês após a doação, em outubro de 2020, reuniu-se com o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, na companhia do filho do presidente. A PF instaurou inquérito em 2021.
Em agosto de 2022, a PF informou não ter encontrado indícios de crime.
Denúncia de perseguição
O monitoramento narrado pela PF e corroborado pela manifestação da PGR, porém, já era de amplo conhecimento. Em março de 2021, o personal Allan Lucena procurou a polícia para denunciar que estava sendo seguido por um carro preto, há dias.
Como revelou a coluna Na Mira, do Metrópoles, a Polícia Militar foi ao local e abordou o condutor do automóvel suspeito. No veículo estava o servidor Luiz Felipe Barros Felix, da Abin, o mesmo que consta na manifestação da PGR revelada nesta quinta-feira (25/1).
À época, o jornal O Globo revelou que a PF entendeu que o servidor estaria atrapalhando uma investigação envolvendo Jair Renan.
Ele teria recebido a missão de levantar informações sobre o paradeiro de um carro elétrico avaliado em R$ 90 mil que teria sido doado a Jair Renan e ao personal trainer Allan Lucena por um empresário do Espírito Santo.