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Perita registra visitas de policiais dias antes de depoimento sobre assédio

Policial depôs sobre casos de assédio moral e sexual na Polícia Civil de MG. Dias antes, ela registrou viaturas e agentes rondando sua casa

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1 de 1 reprodução-policial-2 - Foto: Reprodução

Depois de aceitar participar de uma comissão sobre casos de assédio moral e sexual na Polícia Civil de Minas Gerais, a perita criminal Tatiane Leal de Oliveira registrou movimentações suspeitas em frente à sua casa, em Belo Horizonte (MG). Imagens de segurança mostram agentes e viaturas policiais rondando a casa da ex-policial. Para ela, as cenas são um sinal de intimidação.

Conforme contou Tatiane ao Metrópoles, o incômodo começou na última quarta-feira (5/7), poucos dias antes de comparecer na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, para prestar depoimento à Comissão de Segurança Pública da casa.

“Pararam na minha portaria, me convocando para um inquérito policial que eu nem sabia do que se tratava. Não deixei entrar. Me intimaram pelo telefone a prestar depoimento em menos de 24 horas na corregedoria”, relembra a ex-policial.

Tatiane conta, porém, que as cenas de intimidação não pararam por aí. No dia seguinte, quinta-feira (6/7), a policial recebeu mensagens preocupadas de uma vizinha. Sem a permissão da perita, os agentes conseguiram entrar no condomínio e, com as sirenes ligadas, pararam em frente à sua casa.

“Um homem também ficou rondando a minha casa, que estava vazia na hora. Me falaram depois que aquilo era uma ação de intimação. Mas por que ligar a sirene? Isso só se faz em casos de urgência”, diz.

Veja os registros abaixo.

 

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Policial rondou casa de Tatiane na quinta-feira (6/7), quando policial não estava em casa
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Viatura ligou as sirenes sem justificativa, alega perita

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Policial rondou casa de Tatiane na quinta-feira (6/7), quando policial não estava em casa

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Perseguição após denúncias

Na sexta-feira (7/7), já durante o depoimento na assembleia, a perita relembrou o momento em que foi aposentada compulsoriamente por um falso laudo médico. De acordo com a policial, um desentendimento com a diretoria da Unidade Pericial da Polícia Civil de Vespasiano, em Belo Horizonte (MG), gerou uma série de perseguições em cadeia.

“Em junho de 2020, no auge da pandemia, o responsável pediu a minha transferência para uma outra unidade, em Betim, depois de anos de serviço. Eu, que estava grávida, fui pega de surpresa e perdi o meu bebê”, relatou Tatiane durante a comissão, ao lado de mais duas colegas de profissão presentes para prestar depoimentos de assédio moral e sexual.

Desde que falou à Assembleia, a perita teme pela própria segurança. Nesta segunda-feira (10/7), ela se dirigiu até o Ministério Público de Minas Ferais para pedir assistência do Programa Federal de Assistência às Vítimas e às Testemunhas Ameaçadas, o Provita.

Quanto ao inquérito apresentado pelos policiais civis durante as diferentes abordagens na casa de Tatiane, a perita comparecerá à Corregedoria-Geral de Polícia Civil (GCPC) nesta sexta-feira (14/7). O caso trata da anexação de um documento em processo eletrônico da Diretoria de Perícias Médicas.

Questionada sobre as imagens registradas por Tatiane, a Polícia Civil de Minas Gerais respondeu que “todas as diligências investigativas realizadas por seus servidores devem observar os princípios e regras constitucionais”.

A corporação não respondeu o porquê das abordagens adversas gravadas na porta da perita, apenas que “não compactua com eventuais desvios supostamente praticados por seus agentes”.

Caso de assédio

A Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais solicitou os depoimentos das vítimas depois da proporção que a morte da escrivã Rafaela Drumond tomou.

A policial foi encontrada sem vida pelo pai no dia 9 de junho, depois de compartilhar com amigos, em mensagens de áudio e texto, o cenário de impunidade e a pressão psicológica que enfrentava por causa de assédio, perseguições e episódios de “retaliação” no trabalho.

“Mesmo a gente estando certa, a gente está errada, a gente sofre retaliação. A gente tem medo de falar, e quando fala, é pior ainda pra gente, porque a gente é perseguido”, desabafou a jovem, em mensagens de áudio vazadas nas redes sociais.

Chorando, a policial compartilhou o sentimento de impotência e falta de suporte dentro da corporação, e reclamou do esgotamento causado pela sobrecarga.

Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) instaurou procedimento administrativo, por meio do qual acompanha os trabalhos de apuração da Polícia Civil sobre a morte da escrivã. “Após a finalização das investigações, o MPMG irá analisar as conclusões do inquérito policial e determinar as medidas cabíveis.”

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