Perigo on-line: mães identificam abusos e denunciam pedófilos
Família foi fator importante para proteger e produzir provas em dois casos de crimes sexuais contra menores em Goiás
atualizado
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O noticiário tem acendido um alerta para pais de crianças e adolescentes sobre o perigo dos crimes sexuais. Em Goiás, houve dois casos que chamaram bastante a atenção nas duas últimas semanas.
Dois adolescentes em diferentes contextos foram vítimas de assédio sexual no estado. Em ambos os casos, o diálogo com a família foi fundamental para que o crime fosse interrompido, e a situação, denunciada.
Em entrevistas ao Metrópoles, as mães dessas vítimas chamam a atenção para a importância de conversas com os filhos e o conhecimento do que se passa em suas vidas.
“É um sinal de alerta. O diálogo com os filhos é importante, temos que orientar”, frisou a mãe da vítima de 12 anos, de Rio Verde, assediada em um clube e pelo WhatsApp por um policial militar.
Conexão familiar
A psicóloga Silvia Guimarães atua em perícias de casos de violência contra criança e adolescente junto ao Ministério Público de Goiás (MPGO) e faz parte do Instituto Alexis, que divulga informações sobre o assunto.
A especialista é categórica ao dizer que a proximidade dos pais é fundamental na prevenção desse tipo de crime.
“O que conta muito é estar próximo. Estabelecer uma relação de confiança em que você tenha muito diálogo com seu filho. Você saber o que ele está fazendo, inclusive sobre sexualidade”, destaca Silvia Guimarães.
Nos caso ocorrido em São Simão, no qual o prefeito da cidade é suspeito, a mãe da vítima de 15 anos contou que o filho relatou sobre a conversa estranha pelo WhatsApp logo de início. Para ela, isso é fruto de um ensinamento anterior.
“Eu ensino sempre: ‘Pode ser qualquer tipo de conversa, pode ser outra conversa pior, mas me mostra’. Não é que estou querendo invadir a privacidade, mas quem pode defender nessas horas é a mãe”, salienta.
Vergonha e culpa
No dia em que fez a denúncia e recebeu uma representante do Conselho de Segurança de São Simão na cidade, a vítima teria ficado com vergonha e tampado o rosto, segundo a mãe.
O adolescente que foi vítima em Rio Verde demorou um tempo para relatar à mãe o abuso que sofreu no clube.
A vergonha e a culpa são fatores que impedem a denúncia, segundo Silvia Guimarães, que tem mais de 10 anos de trabalho na avaliação em casos de violência sexual para o contexto forense.
“A criança muitas vezes não sabe como sair daquilo. O que a gente fala: primeiro, não condenar a criança e o adolescente. A responsabilidade é sempre do agressor. Não interessa o que a criança fez”, explica a psicóloga.
Provas
Tanto no caso de Rio Verde quanto no de São Simão, a própria família gravou conversas com os suspeitos. Os pais entregaram os celulares para a perícia no momento da denúncia. A produção de provas é outro fator importante, caso isso aconteça.
A psicóloga do MPGO orienta que a família registre todo o conteúdo suspeito sempre que possível, copiando as imagens das telas do celular ou computador.
Silvia relata que, em muitos casos, a família decide apenas afastar a criança do abusador. A profissional enfatiza que isso não basta e que é preciso formalizar a denúncia para que haja investigação e a situação do abuso seja encerrada.
Prevenção
A especialista ressalta que existe uma série de filtros e mecanismos para bloquear o acesso de crianças a sites impróprios na internet. Silvia explica, no entanto, que é preciso ensinar sobre os perigos da rede, assim como se ensina a atravessar uma rua.
Os criminosos costumam surgir em ambientes com troca de mensagens, como jogos on-line, Facebook, WhatsApp e Instagram.
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Nesses locais, eles começam uma relação com a vítima como se fosse uma amizade, com muito elogio e encorajamento. E, aos poucos, passam a colocar assuntos mais provocativos e avançam para conteúdos sexuais mais explícitos, segundo Silvia.