“Perdi meu tudo”, diz mãe de jovem assassinada por amigos em Goiânia
Eliane Laureano, mãe de Ariane, assassinada em Goiânia, aos 18 anos, diz que a filha era “iluminada” e ainda não acredita que ela se foi
atualizado
Compartilhar notícia
Goiânia -A rotina na casa da cabeleireira Eliane Laureano, de 35 anos, mudou drasticamente nas últimas semanas, desde que sua filha única foi assassinada por pessoas que se diziam amigas, em Goiânia. Ela é mãe da jovem Ariane Bárbara Laureano de Oliveira, de 18 anos, cujo corpo foi encontrado abandonado em uma área de mata no Setor Jaó, bairro nobre da capital, no dia 30/8.
“Ariane era meu tudo”, disse ela ao Metrópoles, que ainda reluta para acreditar no que aconteceu. A sensação, segundo Eliane, é de que ela ainda está à procura da filha, que foi dada como desaparecida entre os dias 24/8 e 30/8.
Quatro pessoas foram detidas nesta semana por participação no assassinato da jovem. O crime teria sido motivado pela necessidade de uma das envolvidas de se testar e saber se era ou não psicopata. A menina, Raíssa Nunes Borges, de 19 anos, queria saber como reagiria, após matar alguém. Queria saber se sentiria algum arrependimento.
O motivo fútil chocou a sociedade, ainda mais pela maneira como o crime foi premeditado. Ariane foi atraída por amigas, que a convidaram para lanchar no dia 24 de agosto, dizendo que passariam de carro para pegá-la. Na última mensagem enviada a mãe, a garota estava animada, alegre, sorridente e dizendo que voltaria logo para casa.
A alegria, segundo a mãe, era algo característico da jovem. “Ariane era uma menina muito iluminada. Ela gostava de animais. Era uma menina dócil. Não é porque ela é minha filha, mas era uma jovem feliz, não tinha mágoa, raiva de ninguém. Não era brigona. Era uma adolescente maravilhosa”, descreve Eliane.
A relação de mãe e filha era muito próxima. Isso era perceptível pelo conteúdo das mensagens que ambas trocavam. O tempo todo diziam que se amavam e, por ser filha única, Eliane fazia questão de ser presente na vida da jovem e acompanhar todo o desenvolvimento dela.
“Eu tenho asma e ela é quem cuidava de mim, quando eu tinha crises de asma. Ela fazia chá. Ariane era muito amorosa”, conta a mãe.
Estado de choque
O choque pela perda precoce da filha e pela descoberta da maneira como ela foi assassinada tem feito parte dos dias de Eliane. Desde que Ariane saiu de casa e não voltou, na noite de 24 de agosto, a mãe ainda tenta se recuperar, primeiro, do desespero imediato e, agora, do luto e indignação.
A despedida de Ariane foi discreta, de caixão lacrado e sem velório. Ela foi enterrada em um cemitério da cidade de Goiás, a 141 quilômetros de Goiânia, no jazigo da família e ao lado da avó.
“Quando fui ao IML e descobri que o corpo que havia sido encontrado era dela, eu não acreditei. Até hoje, não acredito. Eu vejo aqui em casa, sei que ela não está aqui, mas parece que eu ainda saio e fico procurando por ela ou que ela está viva e vai voltar”, relata Eliane.
Ao Metrópoles, a mãe disse que tem feito acompanhamento profissional, com psicólogo e terapeuta. Familiares estão organizando uma forma de homenagear a jovem, nos próximos dias. Até então, o foco conjunto foi em buscar respostas e justiça pela morte de Ariane.
Conhecida e amava animais
Por onde passava, a garota arrancava sorrisos e fazia amigos. Ela vivia bastante na pista de skate do Setor Coimbra, em Goiânia. Era lá, inclusive, que ela costumava ter contato com aqueles que acabaram tornando os responsáveis por sua morte.
Eliane chegou a ir ao local algumas vezes participar dos eventos que eram organizados pela turma da filha. Ela sabia da amizade de Ariane com alguns dos envolvidos no assassinato, mas jamais imaginou que isso um dia ocorreria, ainda mais pelos motivos relatados.
“Se você andar aqui na região, um minutinho, e conversar, de morador de rua a lavador de carro ou uma pessoa vendendo qualquer coisa, todo mundo conhecia a Ariane. O rosto dela era marcante”, conta a mãe.
A jovem afirmava que queria ser médica veterinária. Em casa, o cachorro que ela amava e com o qual dormia todos os dias já sente falta da companheira e chega a chorar, à noite, segundo Eliane. “Agora, eu que vou cuidar dele”, diz a mãe.
Último áudio enviado por Ariane: