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Pelo ralo. Viagens canceladas de Temer à Ásia custaram R$ 1,7 milhão

Os valores incluem passagens, seguro-viagem, multas por desistência e diárias da comitiva do presidente da República

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1 de 1 Michael Melo/Metrópoles - Foto: Michael Melo/Metrópoles

O presidente Michel Temer desistiu, na véspera, de fazer uma visita a países asiáticos no início deste mês. Mesmo sem ausentar-se do país, a “viagem” custou ao menos R$ 800 mil aos cofres públicos. Este foi o segundo cancelamento ao continente em 2018. O primeiro ocorreu em janeiro, quando o governo já havia gastado R$ 900 mil com os preparativos. Somadas, as duas desistências consumiram R$ 1,7 milhão.

Os valores incluem passagens, seguro-viagem, multas por desistência e diárias da equipe. Parte dela já havia se deslocado para preparar a visita oficial do presidente brasileiro. A comitiva presidencial era estimada em cerca de 30 pessoas.

Em janeiro, o cancelamento da viagem se deu, de acordo com informações do Palácio do Planalto, por recomendação médica. No fim do ano passado, o chefe do Executivo passou por procedimentos cirúrgicos para desobstrução da uretra e o longo período dentro do avião preocupava os cardiologistas.

Desta vez, a justificativa dada pelo governo foi por causa de votações importantes a serem decididas por Temer no Congresso, como a proposta de remanejamento de verbas orçamentárias. A viagem do presidente, que começaria em 7 de maio e iria até o dia 14 do mesmo mês previa visitas a quatro países: Cingapura, Tailândia, Indonésia e Vietnã.

Decreto dos Portos
A decisão de Temer de ficar no País aconteceu quando as investigações sobre o Decreto dos Portos começava a avançar sobre seus familiares. Na mesma semana da viagem, uma das filhas de Temer, Maristela, prestou depoimento no inquérito – do qual o emedebista é alvo – que apura suspeitas de corrupção em empresas atuantes no Porto de Santos.

De acordo com os investigadores, uma reforma realizada na casa da filha de Michel Temer pode ter sido utilizada para lavar dinheiro de propina destinada ao emedebista. O presidente nega irregularidades na edição do decreto. Por meio de nota, o Planalto informou não haver relação entre as investigações e o cancelamento da viagem.

Procurado para comentar os gastos, o governo disse não ter feito as contas e sugeriu supervalorização nos cálculos. “Muitos dos gastos poderão ser reaproveitados ou reembolsados, como pagamentos de diárias de hotéis”, afirmou o Palácio do Planalto, em nota e acrescentou: “A viagem cancelada pelo presidente foi substituída por ida do ministro das Relações Exteriores à região”.

Segundo o Itamaraty, o cancelamento das viagens não afetou a relação do Brasil com os países que seriam visitados.

Parceria
Apesar das desistências de Temer, o Brasil tenta estreitar relações com países asiáticos. O Itamaraty já começou um trabalho para fortalecer as relações com os países da região, para além de parceiros tradicionais, como Japão e China.

O chanceler Aloysio Nunes faz um giro pelo continente desde a semana passada. O roteiro inclui China, Coreia do Sul, Indonésia, Japão, Cingapura, Tailândia e Vietnã.

O ponto alto será o lançamento oficial das negociações do acordo Mercosul-Coreia do Sul, na quarta-feira (23/5). A iniciativa, preocupante para segmentos da indústria nacional, por causa da perspectiva de maior concorrência com produtos de tecnologia produzidos naquele país, faz parte do esforço do bloco sul-americano em buscar novas parcerias comerciais.

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