Pedro Lucas: padrasto usou mensagens para disfarçar morte, diz polícia
Mensagens foram enviadas à avó do menino. Pedro Lucas está desaparecido há mais de dois meses, e a Polícia Civil acredita que ele está morto
atualizado
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Goiânia – A Polícia Civil de Goiás (PCGO) divulgou trechos de uma conversa entre o principal suspeito pelo desaparecimento do menino Pedro Lucas Santos, de 9 anos, e a sogra do homem, avó da criança. A corporação acredita que as mensagens foram enviadas na tentativa de disfarçar a morte do garoto.
Pedro Lucas desapareceu no dia 1º de novembro de 2023, após deixar o irmão mais novo na escola, em Rio Verde, no sudoeste goiano. A polícia afirma que o menino foi morto de forma violenta pelo padrasto José Domingos Silva dos Santos, de 22 anos, preso na segunda-feira (8/1).
Segundo a corporação, existem evidências sobre o crime.
Troca de mensagens sobre Pedro Lucas
Durante coletiva de imprensa na tarde dessa terça-feira (9/1), o delegado responsável pela investigação, Adelson Candeo, afirmou que, entre as provas colhidas durante a apuração do caso, uma troca de mensagens entre José Domingos e a sogra coloca o homem como principal suspeito do crime.
“Foram três mensagens, no dia 1º e no dia 2. Aliás, o fato de ter pouca conversa indica um problema, não é normal. O menino desaparece e ninguém fala sobre”, destacou o investigador.
Um documento divulgado pela PCGO detalha o caso em apuração e aponta que a primeira mensagem foi enviada à avó no dia 1º de novembro, às 16h47. José Domingos pergunta para a sogra se o menino está na casa dela. “Essa é uma preocupação inédita do padrasto sobre onde o menino estava. Normalmente, ele está na rua ou foi buscar o irmão”, afirmou o delegado.
Em seguida, às 16h48, o padrasto fala para a avó que Pedro precisa ir “ligeiro” para casa, pois a mãe do menino teria deixado tarefas para ele fazer. No entanto, em depoimento à polícia, a mãe do garoto afirmou que não deixou nenhuma atividade doméstica para o filho.
“A mãe dele deixou um negócio aqui para ele fazer, ele sumiu e não fez. A mãe dele vai bater nele na hora que ela chegar”, disse o padrasto à sogra.
Após essas mensagens, o padrasto falou novamente com a avó do menino no dia seguinte, 2 de novembro, às 6h20. No novo contato, José Domingos perguntou se a criança teria aparecido na casa dela. “O Pedro some, aí a sua filha fica com raiva de mim. Ó, rapaz, eu tenho culpa que o Pedro faz essas coisas não”, disse ele.
Por fim, o padrasto mandou outra mensagem para a sogra às 16h58. “O Pedro não tem mais jeito, não. A gente fala para ele, só que a gente tem que bater mesmo, né!? O filho não é meu, nem ando batendo, mas vejo a mãe dele brigando com ele aqui no 12. Pedro não tem mais jeito, não”, disse.
Para o delegado, as mensagens mostram uma preocupação de José em disfarçar a morte de Pedro Lucas e justificar o desaparecimento. “Ele afirma que o menino está indisciplinado e deixa a entender para a avó que, se algo acontecer, é por conta desse comportamento”, concluiu.
Prisão
José Domingos foi preso na última segunda-feira (8/1), na casa em que morava com a família, em Rio Verde (GO). A defesa de José Domingos informou que ainda não teve acesso aos autos processuais, mas que o padrasto tem colaborado com a investigação, inclusive com o fornecimento de material genético.
“O representado [José Domingos] sempre negou o cometimento de quaisquer crimes contra seu enteado e colaborou com a investigação, apresentando-se ao delegado de polícia toda vez que foi intimado”, afirmou o advogado Felipe Mendes.
“A defesa e o representado acreditam na Justiça e confiam que as autoridades encontrarão a melhor resposta ao fato”, completou a defesa do padrasto.
Relacionamento ruim
A polícia destacou ainda que Pedro e José Domingos não tinham uma relação tranquila. Uma amiga da criança teria dito, em depoimento, que o padrasto odiava o menino.
“O padrasto odiava ele. O Pedro ficava chorando lá no canto do quarto dele e me falava que o padrasto era chato, feio, e que ele nunca queria ter ele em sua vida. Eu sei que o padrasto e a mãe dele batiam nele de cinto, porque eu via as marcas nas costas dele (…).”
Morte violenta
Ainda de acordo com a PCGO, Pedro Lucas foi morto de forma violenta. Segundo a corporação, a perícia realizada no dia 18 de dezembro de 2023, na residência da família, identificou sangue no tanque e também no berço.
“Perícia realizada na residência em que Pedro Lucas convivia com sua mãe, padrasto e irmãos. Resultado positivo para componente de sangue humano.”
O homem, que está preso temporariamente, teve o mandado de prisão cumprido por homicídio qualificado contra menor de 14 anos e ocultação de cadáver.