“Pediu ajuda, mas eles mataram”, diz mulher de vítima no Jacarezinho
Esposa do pedreiro Jonas do Carmo dos Santos afirmou que a polícia alterou a cena do crime. Marido, segundo ela, tinha ido comprar pão
atualizado
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A esposa de uma das vítimas da Operação Exceptis, que deixou 25 mortos na comunidade do Jacarezinho (RJ), relatou que o marido, o ajudante de pedreiro Jonas do Carmo dos Santos, de 32 anos, foi morto em um beco da comunidade ao sair para comprar pão.
A mulher contou ao site Extra que Jonas foi atingido primeiro por um tiro na perna. Caído no chão, ele chorou e pediu ajuda, segundo a mulher. Em seguida, ela conta, foi alvejado e não resistiu.
“Eu estava deitada quando ele saiu. Se eu soubesse que o meu marido seria executado, eu não teria deixado ele sair. Ele foi alvejado em um dos becos no acesso à padaria. O meu marido foi baleado na perna, chorou, pediu ajuda, mas eles mataram o meu marido”, diz a auxiliar de serviços gerais, de 25 anos.
Jonas deixou dois filhos, um de 7 anos e outro de 1 mês. Ele e a esposa estavam juntos há sete anos.
Segundo a auxiliar de serviços gerais, foi a sobrinha que informou que o pedreiro havia sido baleado. Os familiares confirmam que ele estava “na rua, na hora errada e no momento errado” e acusam a polícia de ir à comunidade para matar. Segundo a família, policiais alteraram a cena do crime.
“A sobrinha dele começou a mandar mensagens dizendo que o tio tinha morrido. Eu disse pra ela que ele tinha ido comprar pão e que não poderia ser verdade. É que eu não quis acreditar. Eu fiquei nervosa porque tenho dois filhos, um recém-nascido. Eu saiu pela rua procurando ele e descobri que ele estava no acesso à padaria. Os moradores contaram que ele gritou “aí, aí, aí” após ser baleado na perna, e depois foi executado. Se ele tivesse ido para o hospital e sido preso, seria lucro. Eles foram para matar e não prender. Eles estão falando uma coisa que não é”, relata.
Segundo a família do pedreiro, ele já havia sido preso anos atrás e, por isso, fazia uso de tornozeleira eletrônica. A auxiliar de serviços gerais contou que a família não encontrou o equipamento no corpo do rapaz.
“Não achamos a tornozeleira. Eles mexeram nos corpos. Eles modificaram a cena [do crime]”, finaliza.
A operação
Levantamento realizado pelo Instituto Fogo Cruzado mostra que a Operação Exceptis, deflagrada pela Polícia Civil nessa quinta-feira (6/5), na comunidade do Jacarezinho, é a mais letal da história do Rio de Janeiro. Até às 15h, 25 pessoas haviam sido mortas — entre elas, um policial civil.
Em nota, a Polícia Civil informou que a ação, batizada de Operação Exceptis, é resultado de investigação contra a organização criminosa que atua na comunidade e coordenada pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA).