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Pedida prisão de PMs por agressão e morte de jovem que tinha câncer

Inquérito aponta que Chris Wallace foi morto após ser espancado durante abordagem em rua de Goiânia; ele tinha câncer, segundo a família

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Barbeiro Chris com câncer morto PM Goiás
1 de 1 Barbeiro Chris com câncer morto PM Goiás - Foto: Reprodução: Instagram

Goiânia – A Polícia Civil de Goiás pediu ao Judiciário a prisão preventiva de dois policiais militares investigados pela morte de um jovem de 24 anos que tinha câncer nos ossos havia 10 anos e não resistiu a supostas agressões cometidas durante abordagem policial no dia 10 de novembro, na capital goiana. A família do barbeiro Chris Wallace da Silva luta por Justiça.

O Judiciário aguarda manifestação do Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) antes de proferir a decisão sobre o pedido de prisão preventiva, recebido na quarta-feira (1°/12), contra os policiais Bruno Rafael Silva, de 30 anos, e Wilson Luiz Pereira de Brito Júnior, de 30, ambos lotados no 42º Batalhão da PM de Goiânia.  Eles são investigados pela morte do jovem após abordagem em uma rua no Residencial Fidélis.

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Chris chegou em casa vomitando sangue e com crise convulsiva, segundo a mãe
Barbeiro Chris Wallace da Silva morreu após  sofrer agressão violenta em rua do bairro Fidélis, em Goiânia
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Chris Wallace da Silva, de 24 anos, morreu após seis dias internado por causa de espancamento

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Chris chegou em casa vomitando sangue e com crise convulsiva, segundo a mãe

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Barbeiro Chris Wallace da Silva morreu após sofrer agressão violenta em rua do bairro Fidélis, em Goiânia

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A Polícia Civil informou que, além de materializada a autoria do crime e a necessidade de garantia da ordem pública, causou preocupação o fato de Bruno ter entrado em contato por telefone com irmã da vítima, manifestando intenção de falar com ela sobre a ocorrência. Segundo a investigação, “a conduta que poderia ter prejudicado a obtenção de informações”.

“Ressalva-se a existência nos autos de vários testemunhos sigilosos, expediente decorrente do temor de represálias por parte dos representados, potencializado por integrarem a força policial”, escreveu o delegado Ernane de Oliveira Cázer, adjunto da Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (DIH) e responsável pelo caso.

Testemunhas

No inquérito, há cinco depoimentos de testemunhas, com identidade mantida em sigilo. Quatro delas disseram ter visto a abordagem, três testemunharam as agressões e a que não viu o fato disse que presenciou Chris voltando para casa machucado.

A abordagem ocorreu por volta das 19h, horário em que Chris e um amigo foram a pé da casa dele até uma distribuidora de bebidas. No caminho, segundo a investigação, dois policiais teriam descido de uma viatura e parado ambos.

Depois de ter verificados seus documentos e responder a algumas perguntas, o colega da vítima foi liberado, e as agressões teriam começado logo em seguida. De acordo com uma testemunha, Chris disse aos policiais que era portador de câncer, mas, mesmo assim, teria levado socos e tido a cabeça prensada na parede.

Laudo de exame cadavérico, produzido pelo Instituto Médico Legal (IML), atesta que Chris morreu por causa de um traumatismo cranioencefálico causado por ação contundente, o que, segundo a investigação, condiz com o relato de testemunhas que viram o jovem ter a cabeça prensada com força em um muro pelos policiais. A vítima também apresentava ferimentos pelo corpo, principalmente na mão, no quadril e no peito.

Intimidação

O motivo do pedido de prisão, entretanto, envolve o que ocorreu após as supostas agressões, quando um familiar ligou para o 190 e os policiais que foram até a residência eram justamente Bruno e Wilson. De acordo com o processo judicial, eles questionaram a irmã de Chris sobre o ocorrido, querendo saber o que foi contado pela vítima, fotografaram o CPF dela e foram embora sem fazer nenhuma anotação.

No dia seguinte, de acordo com a investigação, o policial que fez a foto ligou para a irmã de Chris, mas desligou logo após ser informado de que a morte de Chris estava sendo registrada na delegacia com apoio de um advogado. Na ocasião, ela também disse à polícia que recebeu uma ligação recentemente de número restrito, e a chamada caiu assim que ela atendeu.

Em depoimento, familiares que moravam com Chris contam que o viram chegar bastante machucado em casa, com vermelhidões na cabeça, na mão, no pescoço e na cintura e que, logo em seguida, no banheiro, começou a ter convulsões e a vomitar.

Antes de chegar à sua casa, de acordo com a polícia, ele teria passado por um vizinho no caminho e pedido um copo de água. A testemunha viu a mão dele bastante machucada. Uma ambulância foi chamada para socorrê-lo, mas o jovem não resistiu e morreu no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) às 19h33.

Câncer

Desde os 14 anos, Chris sofria com um mieloma múltiplo, um tipo de câncer caracterizado principalmente por fraturas ósseas agravadas diante de esforços físicos. A mãe dele, Vanderlete Leite, disse que, desde a infância, ele conviveu com fortes dores e crises que o impediram de concluir o ensino e de ter muitas atividades cotidianas.

“Eu tinha maior cuidado com meu filho para ele não se quebrar, cuidava e me dispunha de tudo na minha vida por ele. Se meu filho tivesse morrido por causa do mieloma eu estaria mais conformada”, disse na época.

O processo foi encaminhado para a 1ª Vara de Crimes Dolosos Contra a Vida. O Metrópoles não obteve retorno da PM e Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSPGO). O portal também não conseguiu contato da defesa dos policiais.

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