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Peça infantil sobre repressão é cancelada e artistas apontam censura

Na apresentação, o protagonista vive em um país em que um general determina o que a população pode e não pode fazer

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Rafael Telles/Divulgação
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1 de 1 20190909155753267362e - Foto: Rafael Telles/Divulgação

A Caixa Cultural, em Recife, definiu uma temporada de quatro apresentações da peça infanto-juvenil Abrazo. Na noite de estreia, no último sábado (07/09/2019), o grupo deveria fazer duas sessões. Logo após o fim da primeira sessão, contudo, eles foram informados de que as demais apresentações haviam sido canceladas. A Caixa limitou-se a alegar que teria ocorrido um “descumprimento contratual” – sem especificar o que ocorrera.

Os artistas sustentam que, na verdade, “os argumentos jurídicos” serviam apenas para disfarçara a “censura” ao tema da peça. As informações são do jornal Diário de Pernambuco.

Inspirado em O Livro dos Abraços, do uruguaio Eduardo Galeano, com roteiro dramatúrgico de César Ferrario e direção de Marco França, a obra leva os espectadores à jornada de um menino que vive em um país onde não é permitido que as pessoas se abraçarem ou demonstrarem qualquer afeto uns com os outros.

O diretor da peça Marco França se posicionou em sua conta de Instagram, afirmando que o episódio se trata de uma “censura”. “Uma censura travestida com argumentos jurídicos. Vemos um momento de barbárie no país, onde a verba pública para pesquisa e educação são cortadas, livros são censurados, artistas estão sendo perseguidos e tendo suas obras censuradas. Não nos calarão”, disse.

 

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CENSURA !

Uma publicação compartilhada por Marco França – Ator e Músico (@clownamado) em

Em outra postagem, na função stories da rede social, o diretor publicou o texto de explicação do cancelamento feito pelo grupo e acrescenta os dizeres: “Censura. Banco do povo? Que povo?”.

No Instagram da Caixa Cultural de Recife, as pessoas questionam o motivo do cancelamento da peça. Em nota enviada à reportagem, a instituição disse que houve um descumprimento contratual. “O contrato com o Clowns de Shakespeare foi rescindido, conforme comunicado ao Grupo nesta data. Os valores estão sendo restituídos diretamente na bilheteria, desde sábado (7), mediante apresentação do ingresso”.

Reprodução/ Instagram

A peça
A apresentação Abrazo faz parte da Trilogia Latino Americana dos Clowns, que conta ainda com os espetáculos Nuestra Senhora de las Nuvens e Dois Amores y um Bicho. A produção é a única na trilogia destinada ao público infantil e foi a segunda a ser criada. No espetáculo, o diretor Marco França montou a narrativa sem fala escrita e que trouxe para o universo da criança temas como guerras e proibições.

Na peça, o protagonista vive em um estado em que um general determina que “não pode atender o celular, não pode ingerir bebidas e alimentos, não pode levantar”. A lista de exceções se estende até os dois itens finais e mais importantes: “Não pode falar! Não pode abraçar!”. Com o espaço e suas regras bem delineados a “brincadeira” tem o seu início. Nela, os personagens ganham a cena e deflagram as suas histórias: um rapaz, uma florista, um soldado, um índio, uma avó, um general e um menino, que por ter o olhar ainda virgem no entendimento da realidade consegue mudar o fluxo da história aos caprichos da sua imaginação.

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