metropoles.com

PEC dos terrenos de marinha traz especulação imobiliária, diz governo

No Senado, governo se posicionou contra a proposta de emenda à Constituição (PEC) que muda a propriedade sobre terrenos de marinha

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Divulgação/MGI
Fotografia colorida mostrando fachada de ministério terrenos da Marinha servidores - Metrópoles
1 de 1 Fotografia colorida mostrando fachada de ministério terrenos da Marinha servidores - Metrópoles - Foto: Divulgação/MGI

Representando o governo Lula (PT), o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) se posicionou contra a proposta de emenda à Constituição (PEC) 3/2022, que altera a propriedade sobre os chamados “terrenos de marinha” e acaba com a taxa de 5% paga à União, o chamado laudêmio.

A proposta foi debatida na segunda-feira (27/5) em audiência no Senado Federal. A secretária-adjunta do Patrimônio da União, Carolina Gabas Stuchi, argumentou que a demarcação e administração desses terrenos são fundamentais para garantir a segurança jurídica e uma gestão adequada dos bens da União.

Segundo ela, a aprovação da PEC traria diversos riscos, como especulação imobiliária, impactos ambientais descontrolados, perda de receitas para a União e insegurança jurídica. Além disso, ela afirmou que haveria consequências negativas para as comunidades locais e desigualdades na implementação da proposta.

A taxa de laudêmio é paga sempre que um imóvel considerado “de marinha” é vendido de uma pessoa para outra. Embora esses imóveis sejam ocupados e comercializados por particulares, a propriedade formal é da União.

O texto, já aprovado pela Câmara, retira da União a propriedade exclusiva sobre esses terrenos e transfere gratuitamente para estados e municípios as áreas já ocupadas. Ocupantes privados poderão ser ressarcidos. A matéria, agora, está sob análise do Senado.

O governo entende que, caso a proposta seja aprovada, continuarão sob domínio da União apenas as áreas afetadas ao serviço público federal. As outras áreas poderão ser transferidas para o domínio pleno dos estados, municípios, e até particulares, dependendo de sua utilização e ocupação prévia.

PEC dos terrenos de marinha foi debatida no Senado

Na audiência no Senado, a secretária Stuchi ressaltou que “a PEC congela o interesse público da União, o conjunto de terras que são essenciais para que a União exerça suas competências de promover, coordenar e implementar um conjunto de políticas públicas e programas prioritários”.

“Outro problema da PEC é que ela extingue esse conceito da faixa de segurança e permite a alienação, a transferência do domínio pleno nessas áreas em que é importante para o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro que sejam mantidas. Isso acaba favorecendo essa ocupação desordenada, ameaçando os ecossistemas brasileiros, tornando esses territórios mais vulneráveis aos eventos climáticos extemos”, defendeu Stuchi.

A secretária adjunta concordou emdiscutir a ampliação e agilização do processo de demarcação dessas áreas. Stuchi propôs facilitar o processo de notificação de ocupantes e confrontantes, além de simplificar os instrumentos de destinação, regularizando ocupações legitimas por meio de transferência massivas de direito real.

Também presente na audiência, a coordenadora-geral do Departamento de Oceano e Gestão Costeira do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Marinez Scherer, defendeu a importância dos terrenos de marinha e da faixa de segurança para a gestão costeira, principalmente em função das mudanças climáticas.

“Não podemos negar que nós temos um aumento da temperatura do globo e principalmente um aumento da temperatura do mar. Estamos além da temperatura média do mar, da maior temperatura que foi registrada já em 2023. Já batemos o recorde do recorde. Isso leva ao aumento do nível do mar e o mar vai para cima da terra. É justamente nessa área de intersecção entre terra e mar que estão os terrenos de marinha e a faixa de segurança”, explicou Marinez.

Na visão das representantes do governo, a aprovação da PEC poderia intensificar a construção de imóveis nas margens e praias de rios, áreas já visadas pela construção civil e pelo turismo, o que exarcebaria conflitos fundiários.

A transferência obrigatória de ocupações não cadastradas pela União também foi mencionada como um fator de insegurança jurídica.

A proposta de um modelo descentralizado de gestão costeira, como sugerido pela PEC, pode dificular a identificação de casos de exploração, dada a vasta extensão territorial do Brasil. Segundo a coordenadora-geral do MMA, é importante destacar os impactos dessas práticas nas comunidades locais e estabelecer conexões entre essas questões e as estratégias já adotadas no país.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?