Pazuello sobre sua saída: “Sim, o presidente está pensando em nomes”
Ministro da Saúde disse que não vai “pedir para ir embora”, mas admitiu que Bolsonaro está “reorganizando o ministério”
atualizado
Compartilhar notícia
Em coletiva na tarde desta segunda-feira (15/3) para falar sobre a compra de vacinas e as medidas de combate à Covid-19, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, admitiu que está de saída da pasta. “O cargo é do Presidente da República. E, sim, o presidente está pensando em nomes”.
De acordo com Pazuello, entretanto, “o presidente está em tratativas para reorganizar o ministério”. O atual titular da pasta disse que não vai “pedir para ir embora”. Mas, em seguida, afirmou que a “transição será feita de forma correta, para dar continuidade ao que já vem sendo feito”.
O ministro disse que a coletiva não era uma despedida, que está numa missão e, assim que o cargo for solicitado, ele entrega.
A coletiva ocorreu logo após a médica cardiologista Ludhmila Hajjar, recusar, na manhã desta segunda-feira (15/3), o convite do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para assumir o Ministério da Saúde. Ela disse em entrevista à GloboNews que não está alinhada com o chefe do Executivo nas ideias sobre a pandemia de Covid-19 no Brasil.
“É um desejo meu que quem vá substituir o ministro [Eduardo] Pazuello tenha autonomia. [Para] imaginar se isso será possível, é necessária uma mudança do governo atual na interpretação da pandemia e na linha de condução”, começou a médica.
Sobre as divergências com o presidente Bolsonaro, Ludhmila citou o tratamento precoce e a questão do lockdown em todo o país, medida que o chefe do Executivo já se mostrou contra uma série de vezes.
“Acho que os principais pontos são o tratamento precoce e o lockdown. Fora a série de ataques que sofri, [com pessoas falando] que sou contra ao que o governo prega. Eu saí de São Paulo, deixei meus pacientes, que são muitos, e estava à disposição do Brasil, de tentar alinhar e tentar mostrar meu serviço em prol do país”, completou Ludhmila.
Ela ainda lembrou que é imperioso reativar centros de reabilitação e focar, novamente, em pacientes com outras doenças graves, como câncer e doenças cardiovasculares. A médica considera que o Brasil terá em torno de 600 mil mortes pelo coronavírus.
“O que me motivou foi a minha esperança como brasileira. Eu pensei no Brasil, naquela hora enxerguei uma chance, sem nenhuma ligação política, meu partido político é a saúde. Vim [a Brasília] despretensiosa, acreditei que tudo pudesse mudar, sonhei com cada coordenação do Ministério da Saúde sendo liderada por pessoas técnicas. Sonhei com vacina, com comitês técnicos para atender os governadores”, finalizou.
Um ano de pandemia
Hajjar ainda comentou que, em um ano de pandemia, o Brasil não pode confiar apenas na vacina contra o coronavírus, já que é preciso tempo para imunizar toda a população. Ela também citou os medicamentos que não têm a eficácia comprovada, mas que foram indicados pelo governo, como a cloroquina, ivermectina e vitamina D.
“Não dá para só confiar na vacina, vamos precisar de tempo para podermos dizer que vencemos nesse avanço da pandemia. Um ano de pandemia foi suficiente para demostrarmos o que não funciona, o que é o caso de cloroquina, ivermectina, vitamina D, e o que funciona, que é o tratamento precoce. Aí você pode indicar o que é o tratamento ideal, quais são os antibióticos corretos, o que pode evitar uma intubação, quando o paciente deve ficar internado. Cada instituição criou o seu protocolo, que deveriam ter uma referência, uma liderança”, declarou.