Pazuello mentiu sobre preço de vacinas na CPI, diz revista. Vídeos
O Brasil foi um dos últimos países a ingressar no consórcio mundial para a compra de vacinas, e optou pela quantidade mínima de cobertura
atualizado
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Vídeos divulgados, nesta sexta-feira (15/10), pela revista Crusoé, mostram que o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello teria mentido à CPI da Covid, no dia 19 de maio, ao dizer que o preço inicial da vacina contra a Covid-19 que seria adquirida via consórcio Covax Facility era de US$ 40 a dose. O governo brasileiro resistiu a ingressar no consórcio e, quando o fez, optou pela menor cobertura possível na aliança mundial de vacinas, de 10%.
A revista divulgou imagens de reuniões interministeriais que mostrariam que o Ministério da Saúde ignorou alertas feitos pelo Itamaraty. A justificativa da pasta foi que se tratava de uma operação arriscada, então optou pela cobertura em quantidade mínima, com doses para somente 10% da população.
Para Pazuello era uma negociação “nebulosa”. As imagens apontam ainda que a embaixadora do Brasil em Genebra, Maria Nazareth Farani Azevêdo, afirmou que o valor inicial da dose era de US$ 20, mas logo depois foi reduzido para US$ 10,55.
“O preço da dose baixou bastante. De 20 foi para 12… entre 12 e 16… e agora está sendo apresentado para nós a 10 dólares e 55 centavos”, disse Maria Nazareth.
A diplomata alertou sobre a repercussão política de não aderir ao consórcio. Outro que levantou a preocupação foi o secretário de Soberania e Cidadania do Itamaraty, Fábio Marzano, que chegou a dizer que o país viveria “um inferno” pela falta de vacinas se optasse por ficar de fora.
Veja:
O prazo limite para que países assinassem o contrato com o Covax era até o dia 18 de setembro de 2020. Porém, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), três dias antes do prazo, ainda não havia decidido sobre a entrada no mecanismo.
A subchefe adjunta de política econômica da Casa Civil, Talita Saito, informou que a reunião ocorreu no dia 15 de setembro de 2020. Talita ainda lembrou que, apesar da recomendação de vacinar 20% da população com imunizantes adquiridos via consórcio, o Ministério da Saúde insistia em imunizar apenas 10% dos brasileiros.
Traduçã0 oficial
Um dia antes do fim do prazo, em 17 de setembro, a consultoria do governo insistia em uma “tradução oficial” feita pela Aliança Gavi. Foi preciso a intervenção da Embaixada do Brasil em Genebra para informar que a versão do contrato que prevaleceria seria a original, em língua inglesa.
O Itamaraty precisou pedir à Gavi uma extensão da data para a assinatura, já que a pasta da Saúde ainda erguia barreiras contra o acordo.
Dessa forma, o Brasil foi um dos últimos países a ingressar no Covax. E recebendo a quantidade mínima das vacinas ofertadas.