Pastor que assume vaga de Dallagnol reforça bancadas evangélica e bolsonarista
Com entrada de substitudo de Dallagnol, a bancada do PL, que antes contava com 99 deputados, ficará com 100 parlamentares
atualizado
Compartilhar notícia
Com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral em cassar o mandato parlamentar do ex-procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol (Podemos-PR), sua cadeira vaga na Câmara dos Deputados será ocupada pelo pastor Itamar Paim (PL). A troca foi deferida pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR) na última quarta-feira (17/5). A mudança, no entanto, não deverá afetar a linha dogmática perpetrada pela sua atuação na Casa Baixa: tendentes ao bolsonarismo, tanto o ex-deputado quanto o novo reforçam a bancada evangélica. A avaliação é comum entre os deputados ouvidos pelo Metrópoles.
A cadeira vaga, que poderia ir para Luiz Carlos Hauly (também do Podemos), foi remanejada para o PL por decisão da Justiça Eleitoral do Paraná. Para o TRE o segundo candidato mais votado pelo partido de Deltan, Hauly, não poderia assumir o cargo como deputado federal por não ter atingido o quociente eleitoral mínimo previsto pela legislação. Dallagnol foi o mais votado do Paraná, com 344.917 votos, mas seu suplente atingiu apenas 11.925 votos. Com isso, ele não conseguiu chegar ao mínimo exigido de 10% em relação ao quociente eleitoral, que foi de 201.288 votos.
Itamar Paim concorreu à vaga de deputado federal pelo PL no Paraná nas eleições de 2022, conquistando 47.052 votos. Paim é pastor na 59ª Igreja do Evangelho Quadrangular, em São José dos Pinhais, no Paraná. Natural de Paranaguá, declarou R$ 300 mil em bens à Justiça Eleitoral.
Nas redes sociais, tem posts em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro e com crítica ao TSE.
Em nota divulgada na quarta, o novo deputado disse lamentar a cassação do mandato de Dallagnol, com quem disse ter pautas em comum, como “o combate à corrupção e a defesa dos valores da família e da vida, entre outros temas conservadores”, disse.
Centésimo
Agora, a bancada do PL, que antes contava com 99 deputados, ficará com 100 parlamentares. Para a deputada Erika Hilton (PSOL-SP), as decisões que afetaram Deltan são “simbólicas” e importantes do âmbito judicial.
“É muito mais uma questão jurídica e simbólica, também. Não vejo muita mudança na composição política da Câmara, sairá uma pessoa conservadora e bolsonarista e entrará outra de mesmo perfil”, disse a psolista ao Metrópoles.
Dallagnol, apesar de representar a direita, tentava se portar como figura independente ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Mas quando foi cassado, bolsonaristas como Bia Kicis (PL-DF) e a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) saíram em sua defesa. Durante pronunciamento na Câmara, na tarde de quarta, o próprio Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho 03 do ex-mandatário, apareceu ao lado do ex-lavajatista.
Cassado
O TSE cassou, por unanimidade, a validade do registro de candidatura de Deltan Dallagnol. Para os ministros, o deputado federal deixou o Ministério Público Federal (MPF) para escapar do julgamento do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que poderia impedir que ele disputasse as eleições de 2022.
Na decisão dessa terça-feira (16/5), o TSE determinou que os votos de Dallagnol continuariam no Podemos. Entretanto, o segundo candidato mais votado da sigla não atingiu o coeficiente eleitoral e os votos foram direcionados para o pastor Paim.