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Passageiros dormem no aeroporto do DF e reclamam de abandono da ITA

Passageiros de outras unidades da Federação narram momentos de descaso vividos após a suspensão da operação da empresa aérea

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Galeria > Aeronave da companhia Itapemirim Transportes Aéreos - Leonardo Vieira e família
1 de 1 Galeria > Aeronave da companhia Itapemirim Transportes Aéreos - Leonardo Vieira e família - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

O cancelamento dos voos da Itapemirim gerou uma reação em cadeia no sistema aeroportuário brasileiro. Em pouco mais de seis meses de operação, a Ita, como ficou conhecido o ramo aéreo da empresa, especializada em viação, coleciona imbróglios trabalhistas, informações equivocadas à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e, agora, coleciona série de reclamações por parte dos passageiros.

Nessa sexta-feira (17/12), a empresa mandou que as aeronaves voltassem aos hangares da companhia, inclusive aquelas que se preparavam para decolar no fim da tarde. Quem estava de passagem pelo Aeroporto Internacional de Brasília Juscelino Kubitschek, em Brasília, por exemplo, reclama de abandono por parte da empresa aérea — nos guichês da empresa no terminal, não há mais qualquer identificação (foto em destaque).

Foi o que aconteceu com Leonardo Vieira de Lima, 35 anos, e a família (foto em destaque). Eles estavam no Recife desde 6 de dezembro. Na capital pernambucana, visitou familiares e aproveitou o período de descanso como encarregado de depósito com a esposa, Glayce, 34, e a filha, Ellany, 5. A volta para o Rio de Janeiro, marcada para ontem, teria apenas uma escala em Brasília, mas a dor de cabeça se estendeu até a tarde deste sábado (18/12).

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Leonardo Vieira e família no aeroporto JK: "A única coisa que falaram é que nossas malas desceriam"
Os guichês da ITA no aeroporto de Brasília não têm mais a identificação da empresa
Avião da ITA parado no aeroporto de Brasília
Guichês da ITA no aeroporto JK sem qualquer identificação
Avião da ITA não levanta voo no aeroporto de Brasília
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A Itapemirim está com a operação suspensa pela Anac

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Leonardo Vieira e família no aeroporto JK: "A única coisa que falaram é que nossas malas desceriam"

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Os guichês da ITA no aeroporto de Brasília não têm mais a identificação da empresa

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Avião da ITA não levanta voo no aeroporto de Brasília

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Companhia deixou diversos passageiros sem voos

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A reportagem do Metrópoles encontrou o carioca na área de desembarque do aeroporto JK com as malas e a família. Ele contou que, apesar de marcado para as 17h40, o voo da Itapemirim para o Aeroporto Antônio Carlos Jobim, o Galeão, no Rio de Janeiro, só foi oficialmente cancelado às 20h.

Nesse período, os passageiros tiveram de sair pelo menos duas vezes da aeronave: a primeira, para higienização; e a segunda, por um “problema com a bagagem”, segundo justificaram os funcionários. De volta à aeronave, eles foram informados do cancelamento.

Na pista do aeroporto JK, sob chuva, eles embarcaram em um ônibus e voltaram ao terminal. “A informação que tivemos é de que a empresa nos daria todo o suporte, nos mandaria para outra companhia, mas, para a nossa surpresa, a única coisa que falaram é que nossas malas desceriam”, lamentou Leonardo.

Lá, foram direcionados aos guichês, mas não havia mais representantes da Itapemirim, apenas a Polícia Militar (PMDF).

Sem qualquer resposta, à meia-noite, a família não “tinha nenhuma resposta concreta, não sabia para onde ir”. Com a esposa e a filha no terminal, Leonardo decidiu ir a um hotel da cidade. Desembolsaram R$ 150 pela hospedagem. Com deslocamento e alimentação, os gastos chagam a R$ 350, de forma improvisada. Isso sem contar os R$ 2,5 mil pagos pelas passagens.

Com Ellany no colo, Glayce não esconde a insatisfação com o tratamento dispensado pela Itapemirim. “É uma sensação de descaso, de falta de humanidade mesmo. Esperávamos chegar bem ao Rio, sem qualquer problema, e acontece isso”, reclamou a mulher, bacharel em direito. “Só vou esperar acabar o recesso judiciário para impetrar uma ação”, garantiu.

Para voltar ao Rio por outra empresa, a família pagou R$ 1,4 mil por passageiro, o que, no fim, deu uma conta de quase R$ 3,5 mil.

Sem qualquer tipo de garantia por parte da empresa, Genilda Nunes, 58, não se arrependeu de ter preparado alguns lanches para a viagem que a levaria em visita ao Rio de Janeiro. Diabética, ela precisa controlar o nível da glicose no sangue regularmente e, além de dormir em desconfortáveis cadeiras de aeroporto, onde estava há cerca de 12h, precisa se alimentar com frequência.

“Ainda bem que eu trouxe na bolsa, porque nem teria dinheiro para comer aqui ontem e hoje. A coxinha é R$ 15”, ressaltou Genilda. “Eles (empresa) não apareceram nem para oferecer um prato de comida”, queixou-se.

Sequer saiu de casa

Padrinho de uma criança cujo batizado está marcado para o final do ano, o fotógrafo André Borges, 34, sequer saiu de casa, no Rio de Janeiro, para embarcar rumo a Brasília. Sem conseguir fazer o check-in pela internet, medida que tentou durante a quinta-feira (16/12) e sexta, segundo relata, ele e a esposa, Thaís Cakano, 33, viram pelos jornais que não teriam como chegar à capital no sábado.

Marcado para 8h, o voo, no qual André e Thaís garantiram presença por R$ 1.300 mais 110 mil milhas, também foi cancelado sem qualquer aviso prévio por parte da companhia. “Quando deu meia-noite, minha esposa recebeu uma mensagem dizendo que não era para comparecer ao aeroporto porque as atividades estavam suspensas. Achei até que fosse um golpe. Praticamente dez segundos depois da mensagem, veio a manchete no jornal”, disse à reportagem, por telefone.

“Eu consegui comprar uma passagem hoje, só de ida, provavelmente vou ter que retornar de ônibus. Eu sou padrinho do menino, preciso estar presente”, declarou o fotógrafo. Eu já fui assaltado algumas vezes. É a mesma sensação, não tem respaldo algum. A diferença é que você consegue ver um comunicado da empresa. ‘A gente está te roubando porque não sabemos o que vamos fazer com o dinheiro que a gente gastou’”, desabafou o homem.

Intimação

Em nota, a Itapemirim informou que “tem trabalhado arduamente” para contornar os prejuízos impostos aos clientes e classifica como “temporária” a paralisação dos voos. Acrescenta que “a prioridade para reacomodação em voos de outras companhias tem sido para passageiros que já estão fora de sua cidade de domicílio e precisam retornar para para casa”.

A Anac divulgou nota, na tarde deste sábado, na qual reiterou que “oficiou a empresa, ainda na sexta-feira, para adotar uma série de providências no atendimento aos passageiros, como a imediata suspensão da comercialização de passagens aéreas; e imediata, ostensiva e ampla informação em seu sítio eletrônico (…) sobre a suspensão de suas operações”, informa a nota.

Leia na íntegra:

“A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informa que a empresa Itapemirim Transportes Aéreos (ITA) foi intimada a cumprir medidas para assistência aos passageiros que adquiriram bilhetes aéreos da companhia e a prestar à Agência informações atualizadas sobre as ações previstas para honrar os bilhetes vendidos e reacomodação dos seus clientes.

A reacomodação dos passageiros é responsabilidade da ITA. A Agência orienta os passageiros a entrarem em contato somente com a Itapemirim para realocações e a não comparecerem aos aeroportos antes de obter um novo bilhete aéreo válido.

A Agência orientou a priorização da reacomodação dos menores desacompanhados e os passageiros com necessidade especial, que estavam em processo de deslocamento na noite de sexta-feira (17/12) e na manhã deste sábado (18/12). O compromisso do setor é o de contribuir para a superação do transtorno e reduzir os prejuízos causados aos passageiros pela empresa ITA.

A Agência continuará atuando no monitoramento da situação e adotará as medidas administrativas cabíveis em caso de descumprimento das regras do transporte aéreo.”

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