Passageiro de voo da África relata falta de controle sanitário em SP
“Ninguém perguntou meu nome e nem fez nenhum exame”, diz Paulo Evaristo. Ele estava no mesmo avião que brasileiros confirmados com Ômicron
atualizado
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São Paulo – No último sábado (27/11), Paulo Evaristo Andrade, de 40 anos, e mais de 200 pessoas desembarcaram no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, vindos da Etiópia, na África. Mas mesmo após a circulação da variante Ômicron da Covid-19 já ser conhecida, não houve nenhum cuidado na entrada dessas pessoas no país.
Em entrevista ao Metrópoles, Paulo Evaristo afirma que o descaso realizado na chegada ao Brasil o preocupou, ainda mais depois dos três casos confirmados em São Paulo, um deles do voo em que estava o fisioterapeuta.
“Ninguém me perguntou nada, ninguém fez nada, foi vergonhoso, ninguém perguntou meu nome, fez nenhum exame. Ninguém está nem aí com a gente”, contou. “Eu tenho muito medo de contaminar alguém, eu estou sem ver ninguém, sem ver minha família, trancado num quarto”, relata.
Neste mesmo voo, estava ao menos um passageiro contaminado com o Ômicron. Trata-se de um homem de 29 anos, que mora em Guarulhos. Ele está isolado e sendo monitorado pelas vigilâncias sanitárias do estado e do município.
O caso de Paulo foi revelado pelo portal UOL. Depois da reportagem, ele diz que foi contatado pela equipe da Vigilância Sanitária do município de São Bernardo do Campo, cidade onde mora, e agentes irão até sua casa para fazer exames.
Fisioterapeuta, ele trabalhou com pacientes de Covid durante a pandemia. Ele estava há três semanas na Tanzânia, onde fazia um programa de voluntariado.
Para poder voltar ao Brasil, pagou US$ 5 mil no voo e teve de fazer um teste PCR o mais rápido possível. Isso porque ele comprou o voo com dois dias de antecedência, e o teste leva ao menos 24h para sair.
O teste, conta, foi bastante suspeito. “Fiz um PCR num lugar que não tinha nem telhado, me cobraram 80 dólares, e eu acho que este PCR não tem nada de válido”, disse.
Nenhum teste de Covid
Ao chegar em Guarulhos, nenhum controle: nem pedido de teste, nem questionamento sobre eventuais sintomas de Covid, e muito menos exigência da cartão de vacinação.
“Aqui no Brasil, nem meu nome perguntaram, e eu vim num voo com mais de 200 pessoas, com a nova variante. Vergonhoso”, critica. No voo da Ethiopian Airlines, também houve falta de controle, segundo ele, com muitos passageiros sem máscaras.
Felizmente, Paulo não teve nenhum sintoma até o momento, e se diz aliviado por ter tomado duas doses da Coronavac.
O Brasil não exige vacinação para viajantes que ingressem no país, mas a discussão sobre o tema tem crescido nas últimas semanas. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já recomendou ao governo federal que adote a exigência para estrangeiros, e o Tribunal de Contas da União (TCU) também cobrou a medida. Entretanto, até agora o Ministério da Saúde não se manifestou.
