Parlamentares pedem punição e afastamento de Pedro Guimarães
Um grupo de funcionárias da Caixa acusa o presidente do banco de abuso em diversas ocasiões, sempre em meio a compromissos de trabalho
atualizado
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Denúncias de assédio feitas por um grupo de funcionárias da Caixa Econômica Federal contra o presidente da instituição, Pedro Guimarães, reveladas com exclusividade pela coluna do Rodrigo Rangel, no Metrópoles, nesta terça-feira (28/6), caíram como uma bomba sobre o meio político, principalmente entre a oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Os relatos das funcionárias, que dizem que se sentiram abusadas por Guimarães em diversas ocasiões, sempre em meio a compromissos de trabalho, foram o estopim para as mais diversas reações, que, em geral, pedem pela punição e pelo afastamento de Guimarães do cargo.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) pediu a convocação do presidente da Caixa pela Comissão de Direitos Humanos do Senado. O pedido precisa ser votado em uma reunião da comissão. Se aprovado, Guimarães precisa comparecer em uma outra reunião para responder aos questionamentos dos senadores sobre as denúnicias. Na prática, serve como um instrumento de pressão contra o governo.
Veja algumas das reações às denúncias divulgadas pelo Metrópoles:
“Chocante a denúncia de funcionárias sobre assédio sexual do presidente da Caixa. É esse tipo de gente repugnante que Bolsonaro tem ao seu lado. Pedro Guimarães precisa ser afastado e investigado. Solidariedade às mulheres que passaram por esse horror”.
Gleisi Hoffmann deputada federal pelo Paraná e presidente do PT
“Nojo. Presidente da Caixa é acusado de assédio sexual por trabalhadoras da instituição. A gente vai fazer um carnaval fora de época, com todo mundo nu. Vou te rasgar, vai sangrar. O bolsonarismo não falha. Que seja investigado e punido”.
Guilherme Boulos (PSol-SP) no Twitter
“Depois de uma semana de notícias devastadoras sobre violência sexual, surge mais uma. São graves as acusações contra Pedro Guimarães, presidente da Caixa, indicado de Bolsonaro. Acabei de pedir a convocação de Guimarães na Comissão de Direitos Humanos”.
Randolfe Rodrigues (Rede-AP)
“Qualquer tipo de violência ou assédio sexual é crime e precisa ser combatido com o rigor da lei. O caso exige investigação e apuração imediata dos fatos, principalmente por envolver uma instituição pública. É necessário o afastamento imediato do presidente da Caixa Econômica Federal até que as investigações sejam finalizadas. Um banco vive de credibilidade e um banco público não pode admitir um assediador em potencial no principal cargo da instituição”.
Senadora Simone Tebet, pré-candidata à Presidência da República pelo MDB
“Presidente da Caixa Econômica no governo Bolsonaro é acusado de assédio sexual por funcionárias. Corremos perigo na rua, em casa, no hospital, no trabalho. Nem mesmo em um ambiente corporativo, de um grande banco público, as mulheres escapam. Nojo. Exigimos apuração e punição”.
Jandira Feghali (PCdoB-RJ)
“São estarrecedores os relatos de funcionárias da Caixa sobre práticas de assédio sexual protagonizadas pelo presidente do banco, Pedro Guimarães. Guimarães é a cara de um governo machista e misógino. Que seja investigado e punido. Toda minha solidariedade às funcionárias”.
Erika Kokay (PT-DF)
“Quero repudiar as notícias que acabei de ler sobre as denúncias do presidente da Caixa de assédio sexual a trabalhadoras da entidade. Isso é gravíssimo. Sei que o MPF já está investigando, mas o governo deveria ser o primeiro a afastá-lo do cargo. É um cargo muito importante, é de indicação política por parte do Bolsonaro e não é possível que a gente naturalize a violência institucional contra as mulheres. E eu diria institucional, porque ele se utiliza do seu cargo, como elemento de autoridade, das viagens que eram feitas para atividades da Caixa Econômica Federal e do seu poder enquanto chefe e patrão para poder assediar e coagir as suas funcionárias. Então é fundamental que ele seja afastado e nós vamos à Justiça para fazer essa exigência”.
Sâmia Bomfim (PSol-SP) no Plenário da Câmara
“Atacados e humilhados”
O Comitê Popular de Luta e Defesa da Caixa afirmou, em nota, que recebeu “com estarrecimento e repugnância os graves fatos” divulgados pelo Metrópoles. E pede a apuração dos fatos “com rigor e isenção” e que se preste “proteção às empregadas envolvidas”. “Nunca, em 161 anos de existência, os empregados e a Caixa foram tão atacados e humilhados”, ressalta o comitê.
Vela a íntegra da nota:
“O Comitê Popular de Luta e Defesa da Caixa recebeu com estarrecimento e repugnância os graves fatos divulgados hoje (28) pelo portal Metrópoles e com ampla repercussão, relativos a repetidas condutas de assédio sexual e moral do presidente da Caixa contra empregadas da instituição. Ciente da gravidade dos fatos, o Comitê se solidariza com as empregadas vítimas dessa prática inaceitável e doentia e as parabeniza pela coragem de denunciar os fatos, que seguem em investigação pelo Ministério Público.
É imperativo que os órgãos de controle interno e externos da Caixa, bem como a Justiça, não se omitam e apurem os fatos com rigor, isenção, e prestem proteção às empregadas envolvidas. Se confirmado, o triste episódio se soma a vários outros já conhecidos, públicos e notórios. São marcas de um governo e gestão da Caixa autoritários e misóginos e que tratam a coisa pública, inclusive o servidor público, como propriedade sua.
Buscam mascarar tais práticas com o discurso falso e elitista de ‘meritocracia’, em contraposição ao adoecimento dos empregados. Mas os trabalhadores da Caixa, bem como seus familiares, têm consciência histórica e sabem separar o joio do trigo.
Nunca, em 161 anos de existência, os empregados e a Caixa foram tão atacados e humilhados”.
Caixa se posiciona
A respeito das denúncias, o Metrópoles fez uma série de perguntas a Pedro Guimarães, mas não houve respostas pontuais. A Caixa Econômica Federal enviou a seguinte nota:
“A Caixa não tem conhecimento das denúncias apresentadas pelo veículo. A Caixa esclarece que adota medidas de eliminação de condutas relacionadas a qualquer tipo de assédio. O banco possui um sólido sistema de integridade, ancorado na observância dos diversos protocolos de prevenção, ao Código de Ética e ao de Conduta, que vedam a prática de ‘qualquer tipo de assédio, mediante conduta verbal ou física de humilhação, coação ou ameaça’.
A Caixa possui, ainda, canal de denúncias, por meio do qual são apuradas quaisquer supostas irregularidades atribuídas à conduta de qualquer empregado, independente da função hierárquica, que garante o anonimato, o sigilo e o correto processamento das denúncias. Ademais, todo empregado do banco participa da ação educacional sobre Ética e Conduta na Caixa, da reunião anual sobre Código de Ética na sua Unidade, bem como deve assinar o Termo de Ciência de Ética, por meio dos canais internos.
A Caixa possui, ainda, a cartilha ‘Promovendo um Ambiente de Trabalho Saudável’, que visa contribuir para a prevenção do assédio de forma ampla, com conteúdo informativo sobre esse tipo de prática, auxiliando na conscientização, reflexão, prevenção e promoção de um ambiente de trabalho saudável”.