Parentes vão ao IML reconhecer corpos de mortos em operação no Rio
Na saída, era possível ver o desespero de amigos e familiares. “Terceira vez que preciso enterrar um irmão”, disse uma jovem
atualizado
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Rio de Janeiro – O Instituto Médico Legal (IML), no Centro do Rio, permaneceu cheio de familiares e amigos em busca de informações durante toda esta quarta-feira (25/5), dia seguinte à operação que deixou 25 mortos na Vila Cruzeiro, zona norte do Rio.
Com uma prancheta na mão, um funcionário do local chamava as famílias para realizar os reconhecimentos dos corpos. Na saída, era possível ver o desespero dos parentes. “Ele estava horrível, cheio de moscas em cima”, chorava uma moça, que acabara de reconhecer um irmão. Outra senhora desmaiou após identificar o filho.
Na fila de espera para reconhecer o irmão, Tiago dos Santos Bruno, de 28 anos, Marcele dos Santos, 20, contou que já passou por isso outras duas vezes.
“É muito triste. Quando minha mãe soube que ele havia entrado para o mundo do crime, há seis anos, infartou e morreu. Foi muita decepção, ela jamais esperava isso dele. Essa será a terceira vez que vou precisar enterrar um irmão”, disse a jovem ao Metrópoles.
Marcela conta que o irmão chegou a trabalhar de carteira assinada antes de participar do tráfico da Vila Cruzeiro.
Desde cedo, Priscila de Oliveira, 28, estava com a família no IML para identificar o corpo do marido, Carlos Alexandre, 27. Ela conta que, assim que soube que o companheiro havia sido atingido no confronto com a polícia, foi atrás dele, com um mototáxi.
No mototáxi que seguiu na frente, Carla Carolina Rua, 18, irmã de Carlos e cunhada de Priscila, acabou sendo baleada no braço e o motorista, na barriga.
“Ela não tem nada a ver com isso. Trabalha comigo na entrega de doces e bolos, ela não é criminosa. Quando soube pela televisão que ela estava no Getúlio Vargas, fiquei desesperada”, contou Priscila.
Isaías Vitor Marques Nóbrega, 22, está entre os 25 mortos da operação comandada pela Polícia Militar e Polícia Rodoviária Federal. No IML em apoio à família, uma amiga que preferiu não se identificar disse que o rapaz foi executado mesmo após estar baleado na perna.
“Ele tomou um tiro na perna, se escondeu na mata e pediu socorro. Os polícias acharam ele, viram que estava baleado e deram um tiro na cabeça, para executar. Ele estava desarmado, queria se entregar, mas não teve oportunidade”, relatou à reportagem.
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