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Para procuradora federal, investigação de Marielle deve ficar no Rio

Deborah Duprat avalia que é uma “ilusão” achar que, a partir do momento que uma operação é federalizada ela será mais eficiente

atualizado

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1 de 1 marielle-abre - Foto: Arte/Metrópoles

A subprocuradora federal dos Direitos do Cidadão Deborah Duprat disse, nesta segunda-feira (18/3), que a federalização das investigações sobre o assassinato da vereadora do PSOL Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, pode não ser eficiente.

“Temos que parar de nos iludir com a federalização. Temos que tornar as investigações estaduais também eficientes”, avaliou, em entrevista ao Metrópoles.

A magistrada elogiou o resultado das investigações conduzidas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, que conseguiu chegar aos suspeitos de executarem o crime. “Tenho muitas dúvidas, até porque o Ministério Público do Rio de Janeiro mostrou eficiência ao chegar nos executores de uma maneira muito inteligente”, disse.

“Crimes de morte têm que ter investigação rápida. A federalização é uma ilusão neste sentido, porque se nada foi acompanhado pela polícia federal, não é possível que agora ela consiga alguma eficiência, salvo que haja alguma coisa investigada, que permanece no arquivo e que não foi revelada”, ponderou.

Mandantes
Deborah Duprat participou nesta segunda de uma sessão solene na Câmara dos Deputadas em memória de Marielle Franco e de Anderson Gomes. A federalização do crime foi proposta em outubro do ano passado pelo ex-ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, diante da dificuldade da polícia do Rio em apresentar resultados.

Após a apresentação dos executores do crime, a pressão para se chegar aos mandantes aumentou sobre as autoridades policiais para que se chegue agora aos mandantes do crime.

“Tem que se descobrir quem são os mandantes. Nós não podemos ter um crime tão sério contra a democracia como foi esse que vitimou Marielle e Anderson e nos contentarmos em chegar apenas aos executores”, defendeu. “É imperioso se descobrir quem foram os mandantes. Talvez isso nos diga algo do nosso momento atual”, completou.

A sessão desta segunda-feira foi pedida pelo líder do PSol na Câmara, deputado Ivan Valente (SP). Estiveram presentes o pai de Marielle, Antônio Francisco Neto, e a viúva de Anderson, Ághata Reis.

Na última terça, dois dias antes do crime completar um ano, o sargento da PM reformado Ronnie Lessa foi preso e apontado como o responsável por efetuar os disparos que mataram a parlamentar e seu motorista. A polícia também prendeu Elcio Vieira de Queiroz, ex-policial, que foi expulso da corporação, e que é acusado de dirigir o Cobalt usado na perseguição e ataque à parlamentar.

Ronnie foi preso em casa, em um condomínio na Barra da Tijuca, onde o presidente Jair Bolsonaro morava. Elcio Queiroz também foi preso em sua casa, no Engenho de Dentro, na zona norte.

O pai de Marielle agradeceu o trabalho do Ministério Público do Rio de Janeiro e cobrou o nome dos mandantes.“Quando ocorrem fatos como o do assassinato de minha filha e de seu motorista Anderson Gomes e outras barbáries no Brasil ficamos perguntando que país democrático é esse?”, questionou.

Ághata Reis reforçou o caráter político do crime. “Marielle era alvo por ser vereadora com a atuação que tinha, mas isso não diminui a gravidade da morte do meu marido. Anderson deixou um filho, e o Artur é exemplo de resistência desde seu nascimento, filho de um homem honrado, digno”, afirmou.

 

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