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Para PF, investigação das mortes de Marielle e Anderson foi obstruída

Investigadores constataram que havia interesse que assassinato da vereadora não fosse esclarecido, favorecendo organização criminosa

atualizado

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Reprodução/ Mídia Ninja
Manifestações de um ano da morte da vereadora Marielle Franco
1 de 1 Manifestações de um ano da morte da vereadora Marielle Franco - Foto: Reprodução/ Mídia Ninja

A Polícia Federal (PF) concluiu o inquérito sobre a atuação da Polícia Civil do Rio de Janeiro no caso Marielle. A investigação, conduzida pelo delegado federal Leandro Almada, concluiu que o policial militar Rodrigo Jorge Ferreira, o Ferreirinha, e a advogada dele, Camila Nogueira, fazem parte de uma organização criminosa cujo objetivo era atrapalhar as investigações sobre a execução da vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista da parlamentar, Anderson Gomes. As informações são do jornal O Globo.

Segundo a reportagem, Ferreira procurou a Polícia Federal, em maio de 2018, apontando o miliciano Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando da Curicica, como uma pessoa interessada na morte da vereadora. O PM temia ser morto por Curicica, por ter interesse em assumir as áreas controladas pelo miliciano.

Em maio do ano passado, na condição de testemunha, Ferreira revelou à PF ter ouvido uma conversa entre o vereador Marcelo Siciliano, do PHS, e Curicica, num restaurante carioca em 2017, durante a qual eles teriam planejado o assassinato de Marielle. O motivo seria uma desavença entre Siciliano e a vereadora por causa da interferência dela em áreas da milícia, na qual Siciliano teria influência. Ele e Curicica sempre negaram as acusações.

Ex-aliado de Curicica, o PM Ferreira dividia com ele a milícia das favelas da Curicica, em Jacarepaguá, e do Terreirão, no Recreio, Zona Oeste do Rio. Três delegados da Polícia Federal – Hélio Khristian, Lorenzo Martins Pompílio e Felício Laterça, atual deputado federal do PSL – levaram Ferreira como testemunha para ser ouvido na Polícia Civil, acompanhados da advogada Camila Nogueira.

Hélio Khristian pediu aposentadoria na PF após o caso. Segundo a reportagem, agentes federais chegaram a conduzi-lo até a Superintendência da Polícia Federal no Rio, em 21 de fevereiro, para prestar esclarecimentos sobre a suspeita de obstrução de investigação do crime de assassinato de Marielle e Anderson. Na ocasião, a PF cumpriu oito mandados de busca e apreensão. Alguns deles ocorreram nas residências do próprio delegado, do conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Domingos Brazão, e do ex-agente da PF Gilberto Ribeiro da Costa, além de nos imóveis de Ferreira e de Camila.

O Globo lembra que a PF também investigou a cúpula anterior da Polícia Civil, apurando as denúncias de Curicica: ele revelou ao jornal carioca, em carta, que a Delegacia de Homicídio (DH) do estado, que apura o duplo homicídio de Marielle e Anderson, o coagiu a assumir o crime. A denúncia foi feita à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que pediu à PF para investigar a Polícia Civil do estado.

Segundo o miliciano, em vez de a DH atuar na elucidação do caso, ela estava atrapalhando as investigações. Por trás da apuração do duplo homicídio, haveria um suposto esquema de pagamento de mesadas a policiais da especializada para a não elucidação de crimes envolvendo a contravenção.

Ainda de acordo com o jornal carioca, o inquérito do delegado Leandro Almada tem 600 páginas, foi remetido ao Grupo de Atuação Especial no Combate à Organizações Criminosas (Gaeco) e é analisado pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge.

Delação
O inquérito da PF sobre a investigação da Polícia Civil carioca menciona, ainda, dois advogados que atuaram na defesa de Curicica. Eles seriam suspeitos de tentar obter uma suposta delação do miliciano, preso em Mossoró (RN), a mando da contravenção.

Segundo a reportagem, haveria, inclusive, no início das investigações, uma conexão dos defensores com um policial lotado na Delegacia de Homicídios da capital fluminense, a fim de pressionar o miliciano e evitar que a especializada chegasse ao envolvimento do Escritório do Crime, uma das maiores organizações de milicianos em atividade no Rio, no duplo homicídio.

O temor dos contraventores era de que, durante a apuração das mortes de Marielle e Anderson, as autoridades desvendassem outros crimes por encomenda executados pelos milicianos da organização. O jornal lembra que, até o momento, permanecem sem solução homicídios realizados por integrantes do Escritório do Crime a mando de bicheiros, como estas mortes: do presidente da Portela Marcos Falcon, em 2016; o do sargento da reserva da PM Geraldo Pereira, no mesmo ano; e do contraventor Haylton Carlos Escafura, em 2017.

Caso sem desfecho
Mais de um ano após a execução, embora tenha prendido dois envolvidos no crimeincluindo o suposto executor da vereadora e de seu motorista –, a DH do Rio ainda não revelou o mandante do duplo homicídio.

Entre os matadores do Escritório do Crime está o ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) Adriano Magalhães da Nóbrega, o capitão Adriano, cujas mãe e mulher atuaram como assessoras no gabinete do ex-deputado estadual do Rio e atual senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), um dos filhos do presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). Ainda como deputado no Rio, Flávio homenageou Adriano e outro suspeito de envolvimento na morte de Marielle.

Número um da organização criminosa, o capitão Adriano está foragido desde a Operação Intocáveis do Gaeco, cujo alvo eram os chefes da milícia de Rio das Pedras. A ação foi desencadeada em janeiro deste ano.

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