Para justificar 80 tiros, militar acusa vítima de ter atirado
Tenente alegou que nenhuma arma foi encontrada com o músico e o catador mortos no Rio porque “alguém” deve ter levado de volta para favela
atualizado
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Em depoimento à Justiça, nesta segunda-feira (16/12/2019), o tenente Ítalo Nunes, comandante da patrulha de militares responsável pelas mortes do músico Evaldo Rosa dos Santos e do catador Luciano Macedo, com 80 tiros de fuzil, afirmou que Macedo estava armado no momento em que houve o fuzilamento. A informação é do portal Uol.
“O vi ao lado do Ford Ka [dirigido por Evaldo] atirando em nossa direção”, declarou o militar, para justificar os tiros. No entanto, nenhuma arma foi encontrada com o catador durante a perícia criminal realizada na região.
Em seu relato, Nunes incriminou o catador de materiais recicláveis. De acordo com ele, Luciano foi visto pelos militares, momentos antes das mortes, assaltando um veículo.
Quando questionado sobre a inexistência de armamento encontrado no local do crime, o militar afirmou acreditar que uma pistola tenha sido levada de volta para o interior da favela por uma das pessoas que estavam no veículo.
“Nas imagens feitas posteriormente de cima é possível ver uma das ocupantes do carro olhando para o chão, procurando algo. As imagens não mostram arma no chão, mas essa postura é suspeita”, sustentou o comandante da operação.
O tenente ainda afirmou que a patrulha estava “abalada”, por que, horas antes do crime, trocou tiros com traficantes da região. O militar completou o depoimento dizendo “não acreditar” que Luciano “era mesmo catador”.
O caso ficou conhecido como 80 tiros, em referência à quantidade de balas que atingiu o carro da vítima. Os militares do Exército foram denunciados em maio deste ano pelos crimes de homicídio qualificado e omissão de socorro.