Para juízes e analistas, colocar Justiça na “caixinha” é um risco
Magistrados criticam declarações de Ciro Gomes. Presidenciável do PDT afirmou em entrevista que Lula só sairá da cadeia se ele for eleito
atualizado
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As declarações do candidato à Presidência do PDT nas eleições 2018, Ciro Gomes, de que “é necessário restaurar a autoridade do poder político”, fazendo com que juízes e o Ministério Público voltassem para suas “caixinhas”, foram criticadas por juízes e analistas nesta quarta-feira (25/7). Para eles, as falas do pedetista põem em risco a independência do Judiciário.
“Isso faz parte da reação de parcela da política ao trabalho de juízes independentes. O mundo político precisa entender que o país precisa e quer trilhar outro caminho”, avalia Fausto De Sanctis, desembargador do Tribunal Regional Federal da 3ª Região.
Em entrevista concedida ao programa Resenha, da TV Difusora, no Maranhão, no dia 16 deste mês, o candidato do PDT afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso no âmbito da Operação Lava Jato, só teria chance de sair da cadeia se ele [Ciro] fosse eleito.
“Só tem chance de sair da cadeia se a gente assumir o poder e organizar a carga. Botar juiz para voltar para a caixinha dele, botar o Ministério Público para voltar para a caixinha dele e restaurar a autoridade do poder político”, afirmou Ciro. O postulante ao Planalto tentava explicar a estratégia do PT em insistir na candidatura de Lula – mesmo após a condenação em segunda instância da Justiça e, consequentemente, prisão.
Durante o quinto fórum da série A Reconstrução do Brasil, as declarações repercutiram. “Se ele fizer isso, ele segue o caminho da Venezuela e de outros países totalitários. Mas parto da hipótese de que o Brasil já escolheu a via democrática”, diz a economista Maria Cristina Pinotti.