Para juiz, há “fortes indícios” de união entre hackers para violar autoridades
O juiz pediu a quebra do sigilo bancário desde 1º de janeiro a 17 de julho deste ano e o bloqueio de valores acima de R$ 10 mil
atualizado
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O juiz federal Vallisney de Souza Oliveira (foto em destaque), da 10ª Vara Federal do DF, avaliou que há “fortes indícios” de união entre quatro suspeitos presos na operação Spoofing, que investiga quatro suspeitos de hackear os celulares do ministro da Justiça Sergio Moro e outras autoridades. Nesta quarta-feira (24/07/2019), quando autorizou a operação, o magistrado incluiu – além do pedido de prisão temporária – a busca e apreensão, quebra de sigilo de e-mail, bancário e bloqueio de bens dos quatro suspeitos.
“Há fortes indícios de que os investigados integram organização criminosa para a prática de crimes e se uniram para violar o sigilo telefônico de diversas autoridades brasileiras via invasão do aplicativo Telegram”, disse o juiz no despacho.
Os suspeitos são: o DJ Gustavo Henrique Elias Santos, de 28 anos, que já usou o nome artístico de “Guto Dubra”, o seu amigo Walter Delgatti Neto, mais conhecido como Vermelho, de 30 anos, além de sua esposa, Suelen Priscila de Oliveira. Junto a eles, foi preso Danilo Cristiano Marques, sobre quem foram revelados poucos detalhes. Todos são do estado de São Paulo, sendo dois do interior e dois da capital.
Além disso, o juiz pediu a quebra do sigilo bancário de 1º de janeiro a 17 de julho deste ano e o bloqueio de valores acima de R$ 10 mil.
O juiz pediu, igualmente, uma investigação aprofundada sobre as movimentações bancárias de Gustavo e Suelen. Mesmo com a renda mensal de aproximadamente R$ 3 mil, eles moveram mais de R$ 600 mil em suas contas entre março e junho.
“Diante da incompatibilidade entre as movimentações financeiras e a renda mensal, faz-se necessário realizar o rastreamento dos recursos recebidos e movimentados pelos investigados”, explicou, na decisão, Vallisney. As movimentações teriam ocorrido entre os meses de março e junho, segundo consta na decisão.
O juiz pediu informações à Apple, ao Google, ao Uol/Bol e à Microsoft para que forneçam os dados cadastrais, os registros IP de acesso e “mac address” dos últimos seis meses dos quatro suspeitos. Além disso, o juiz quer ter acesso a todos os Arquivos armazenados das contas de e-mail dos quatro envolvidos.
“Considerando que os e-mails em questão foram utilizados pelos investigados para a prática criminosa, é indispensável o afastamento de sigilo telemático de tais contas e o envio das informações requeridas”, escreveu o juiz.
Operação
Na terça-feira (23/07/2019), a Polícia Federal (PF) prendeu quatro pessoas suspeitas de hackearem os celulares do ministro da Justiça, Sergio Moro, e do procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol. Esses seriam os aparelhos que teriam dado origem à publicação de conversas demonstrando possível interferência do ex-juiz na Operação Lava Jato.