Para jornal britânico, descaso de Bolsonaro levará país “ao desastre”
No editorial do Financial Times, colunista afirma que presidente do Brasil, em comparação com Trump, consegue ser pior
atualizado
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O jornal britânico de economia Financial Times publicou editorial acusando o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de levar o Brasil “ao desastre” pela forma de condução das medidas contra o novo coronavírus. O texto foi divulgado nesta segunda-feira (25/05) e assinado pelo colunista Gideon Rachman.
No editoral, o analista compara a abordagem do mandatário à do presidente americano Donald Trump, opinando que a postura de Bolsonaro é ainda mais “irresponsável e perigosa”.
“Ambos os líderes ficaram obcecados com as propriedades supostamente curativas da hidroxicloroquina. Mas enquanto Trump está apenas tomando o produto, Bolsonaro forçou o Ministério da Saúde brasileiro a emitir novas diretrizes, recomendando o medicamento para pacientes com coronavírus”, escreveu.
Rachman também lembra as demissões de Mandetta e Teich do Ministério da Saúde, as comparado desfavoravelmente à briga de Trump contra consultores científicos. Ainda, ele cita as manifestações em que Bolsonaro participou, no momento em que o Brasil é o segundo país com mais número de mortes e contaminações.
No último domingo (24/05), o mandatário participou de um protesto pedindo a reabertura do comércio em frente ao palácio do Planalto, mesmo dia em que o país registrou 22.666 mortes e 363 mil casos positivos de Covid-19.
“O Brasil já está pagando um preço alto pelas palhaçadas de seu presidente”, disse, o autor. “Incentivando seus seguidores a desrespeitar os bloqueios e minando seus próprios ministros, Bolsonaro é responsável pela resposta caótica que permitiu que a pandemia saia do controle. Como resultado, os danos à saúde e à economia sofridos pelo Brasil provavelmente serão mais severos e mais profundos do que deveriam ter sido”, continuou.
Na opinião do colunista, a polarização política do Brasil dificulta a tomada de decisões sobre a nova doença.
“No estilo populista clássico, ele vive da política da divisão. As mortes e o desemprego causados pela Covid-19 são exacerbados pela liderança de Bolsonaro. Mas, perversamente, um desastre econômico e de saúde poderia criar um ambiente ainda mais hospitaleiro para a política do medo e da irracionalidade”, finalizou.