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Para driblar STF, Congresso aposta em PEC para manter orçamento secreto

O mecanismo barrado pelo STF há alguns dias entrou na PEC da Transição, que será votada nesta terça-feira (20/12)

atualizado

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Prédios da Esplanada dos Ministérios vistos de cima, em Brasília (DF) - Metrópoles
1 de 1 Prédios da Esplanada dos Ministérios vistos de cima, em Brasília (DF) - Metrópoles - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

Após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de tornar inconstitucional as emendas de relator, conhecidas como “orçamento secreto” pela falta de transparência, o Congresso Nacional optou pela inclusão de um dispositivo na PEC da Transição, em julgamento no Legislativo, para que o valor já previsto no Orçamento de 2023 seja remanejado.

A ferramenta virou uma espécie de “moeda de troca” dentro do Parlamento.

Na PEC, os parlamentares encontraram uma saída para a regulamentação. O relatório de Elmar Nascimento apresentado nesta terça-feira (20/12)  incluiu artigos para acomodar o remanejamento dos R$ 19,4 bilhões previstos para as emendas de relator no Orçamento do próximo ano. A mudança foi feita após reunião entre os líderes do centrão e do PT firmarem um acordo para dividir o valor.

A matéria determina que, do montante de R$ 9,5 bi,  2/3 sejam destinados às bancadas da Câmara dos Deputados e 1/3 encaminhados para o Senado Federal. Ficando R$ 6,33 bi e R$ 3,17 bi respectivamente. Além disso, devem ser aprovadas no limite de 2% da receita corrente líquida do exercício anterior ao do encaminhamento do projeto, sendo que a metade destinada a ações e serviços públicos de saúde.

O texto também libera o espaço de R$ 9,5 bi para controle do Poder Executivo, nas chamadas RP2.

O texto de Elmar avalia que considera “equitativa a execução das programações de caráter obrigatório que observe critérios objetivos e imparciais e que atenda de forma igualitária e impessoal às emendas apresentadas, independentemente da autoria”.

Julgamento do STF

A Corte bateu o martelo sobre a inconstitucionalidade das emendas de relator nesta segunda. O placar foi de 6 a 5 pela derrubada. O julgamento teve início na quarta-feira da semana passada, 14 de dezembro.

A decisão dos ministros ocorre após esforço do Congresso Nacional para aprovar, repentinamente, novas regras para a distribuição de recursos das emendas de relator. A proposta era uma tentativa de manter o sistema. Os parlamentares editaram o que chamaram de regras de transparência, mas o STF votou contra as emendas de relator em si. O texto aprovado pelos parlamentares previa a divisão proporcional da verba, sendo:

  • 5% para indicação do relator-geral e do presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO);
  • 7,5% para indicações da Mesa do Senado;
  • 7,5% para indicações da Mesa da Câmara; e
  • 80% para bancadas partidárias, de forma proporcional.

As emendas eram dividas da seguinte maneira:

  • individuais (RP6): verba destinada individualmente a parlamentares, com caráter impositivo desde 2015; ou seja, cada parlamentar decide como alocar o dinheiro. Esta emenda é obrigatória e, necessariamente, deve constar no Orçamento;
  • de bancada (RP7): também obrigatória, esta verba é destinada às bancadas estaduais, com caráter impositivo desde 2019. São emendas coletivas, elaboradas por deputados do mesmo estado ou região;
  • de comissão (RP8): verba não obrigatória, destinada às comissões temáticas do Congresso. São emendas coletivas de comissões permanentes da Câmara ou do Senado; e
  • de relator (RP9): criada em 2019 e não obrigatória, esta emenda permite ao relator-geral do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) alterar ou incluir despesas.

A RP9 se difere das outras porque é definida apenas pelo congressista designado relator-geral do orçamento, o qual é responsável pelo texto do PLOA que será votado, e negocia a alocação de recursos entre Executivo e Legislativo.

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