Para Bolsonaro, vírus pode mudar rumo do governo em direção a um “iceberg”
Na reunião ministerial do dis 22 de abril, o presidente cobrou dos auxiliares que representem o governo com ativez
atualizado
Compartilhar notícia
Ainda no início da reunião ministerial do dia 22 de abril, cujas imagens foram liberadas nesta sexta-feira (22/05) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) diz que seu governo precisa ter “ativez”, porque não sofre acusações de “desvios” ou “corrupção”.
No entanto, ele alerta aos ministros que, por conta da pandemia do coronavírus, o governo coore o risco de ter seu rumo mudado. “O nosso barco tá indo, mas não sabemos ainda, no momento dado o último caso, esse vírus, pra onde tá indo nosso barco. Pode tá indo em direção a um iceberg. A gente vai pro fundo”, ressalta o presidente.
Depois, ele cobra um posicionamento de seus ministros: “Então vamos se ligar, vamos se preocupar. Quem de direito, se manifesta, com altivez com palavras polidas, tá? Mas coloca uma posição. Porque não pode tudo, tudo, veio pra minha retaguarda, tudo, tá? E vocês têm que apanhar junto comigo, logicamente quando tiver motivo pra apanhar, ou motivo pra bater”.
Entenda o caso
Moro deixou o Ministério da Justiça no dia 24 de abril acusando o presidente de tentar interferir politicamente na Polícia Federal. Segundo ele, Bolsonaro não só queria indicar alguém de “sua confiança” tanto para a diretoria-geral da PF quanto para as superintendências estaduais, como também queria “relatórios de inteligência” da corporação.
Entre os elementos que, segundo o ex-juiz, provavam suas alegações, estava justamente o vídeo desta reunião ministerial. As imagens foram entregues pela Advocacia-Geral da União (AGU) ao STF, no âmbito de um inquérito que apura as alegações de Moro, mas permaneciam, até então, em sigilo.
No último dia 12 de maio, o ex-ministro, seus advogados, representantes do governo federal, da PF e da Procuradoria-Geral da República (PGR), assistiram ao vídeo juntos, em sessão reservada. Mello atendeu ao pedido de Moro, que defendia o levantamento integral do sigilo — a AGU, por outro lado, queria que apenas as falas do presidente na reunião fossem tornadas públicas.
Leia como foi a reunião:
Veja os vídeos da reunião ministerial liberados pelo STF: