Para 75% dos brasileiros, mulheres têm menos oportunidades no trabalho
Pesquisa sobre o mercado revela também maior dificuldade para conciliar maternidade, e prevalência delas como vítimas de assédio
atualizado
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Para 75% dos brasileiros, as mulheres têm menos oportunidades no mercado de trabalho. Esta parcela da população ainda tem de lidar com o desafio da maternidade, além de representar a maior fatia dentre os que sofrem algum tipo de assédio, diz pesquisa.
Os dados são de um levantamento inédito do Instituto Locomotiva e Question, divulgado no contexto das comemorações do Dia do Trabalho, celebrado nesta quarta-feira (1º/5).
Ao responder a pergunta “Mulheres têm menos oportunidades que homens no mercado de trabalho de forma geral?”, 72% dos homens entendem que sim, mas entre elas o porcentual chega a 78%, ultrapassando os 75% da média entre todos que responderam a pesquisa.
A maternidade também aparece como um complicador para a carreira profissional das mulheres. No geral, 88% dos brasileiros consideram que as mulheres com filhos experimentam mais desafios no trabalho.
Para 91% dos brasileiros, homens e mulheres têm a mesma responsabilidade na criação dos filhos. Ainda sobre o assunto filhos, 67% das pessoas que responderam a pesquisa pensam que o tempo de licença parental deveria ser o mesmo para ambos os gêneros.
As mulheres também aparecem como a parcela de gênero que mais sofre preconceito, discriminação ou assédio no ambiente de trabalho. Em 40% dos questionários delas, a resposta foi sim. Entre as respostas dos homens, o porcentual cai para 33%.
Dos 40% de mulheres que revelaram ter sido vítimas preconceito, discriminação ou assédio, só 11% relataram a situação a um superior hierárquico ou ao departamento de gestão de pessoas. Os outros 29% ficaram em silêncio. Considerando homens e mulheres, são 55,6 milhões que já passaram pelas situações constrangedoras.
Orientação sexual
A orientação sexual também impacta nos casos de preconceito, discriminação ou assédio. Entre pessoas não héteros, 43% já passaram por estas situações. No grupo de héteros, os relatos reduzem para 35%.
A pesquisa foi realizada em todo o Brasil, por meio do preenchimento digital de um formulário pelo próprio entrevistado. Ao todo, foram 1.500 pessoas com mais de 18 anos participantes de 15 a 22 de abril. A margem de erro divulgada pelo Locomotiva é de 2,5 pontos porcentuais.
Negros também são vítimas mais comuns do que brancos nos casos de preconceito, discriminação ou assédio, com 40% já tendo relatado a situação. Quando a pergunta é feita aos brancos, o porcentual alcança 33%.
“A pesquisa mostra que os grupos minorizados ainda vivem situação de preconceito e uma série de dificuldades causadas pelo seu gênero, condição física, idade ou orientação sexual”, diz Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.
Remuneração
As mulheres também recebem salário médio inferior ao dos homens, conforme relatório do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O documento foi emitido após análise de dados declarados por empresas.
Foi sancionada, em julho deste ano, a Lei nº 14.611 para evitar diferenças de salários entre os gêneros. O ministro do Trabalho em Emprego, Luiz Marinho, afirmou nesta terça-feira (30/4) que empresas que omitirem informações sobre diferenças salariais entre os gêneros serão fiscalizadas.
Na última terça-feira, o ministro Marinho fez um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV sobre o dia. “Se tem coisa a esconder, vamos olhar. Então, essas [empresas] terão nossa atenção. E se trata de tão poucas, que nos aguardem a atenção”, disse o ministro.