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Pantanal poderá enfrentar crise hídrica histórica em 2024, diz WWF

Bioma é afetado por altos focos de calor nas últimas semanas, o que desencadeia em uma degradação ambiental do Pantanal

atualizado

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Marcelo Camargo/Agência Brasil
Fogo na floresta
1 de 1 Fogo na floresta - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Pantanal sofre com uma das maiores secas desde 2019, e a tendência é de que 2024 seja marcado com a pior crise hídrica observada no bioma, segundo informações divulgadas pelo WWF-Brasil, nesta quarta-feira (3/7).

O estudo revela que o Pantanal não registrou período de seca em 2024, quando nos primeiros quatro meses do ano devem ser marcados pelo ápice das inundações. A área coberta por água foi menor do que na época de seca do ano passado.

“De forma geral, considera-se que há uma seca quando o nível do Rio Paraguai está abaixo de quatro metros. Em 2024, essa medida não passou de um metro. O nível do Rio Paraguai nos cinco primeiros meses deste ano esteve, em média, 68% abaixo da média esperada para o período”, afirma Helga Correa, especialista em conservação do WWF-Brasil.

A seca no Pantanal tem início em maio e o auge em setembro. No entanto, a falta de chuvas no último ano desencadeou severas consequências para o bioma, que ocupa partes do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul.

Na Bacia do Alto Rio Paraguai, onde se situa o Pantanal, a estação chuvosa ocorre entre os meses de outubro e abril. Segundo o estudo, nos primeiros quatro meses deste ano, a média da área coberta por água foi de apenas 400 mil hectares, abaixo da média de 440 mil hectares detectada na estação seca de 2023.

O levantamento foi encomendado pelo WWF-Brasil e realizado pela empresa especializada ArcPlan, com financiamento do WWF-Japão. Ele verifica as informações obtidas por satélite. “Ao analisar os dados, observamos que o pulso de cheias não aconteceu em 2024. Mesmo nos meses em que é esperado esse transbordamento, tão importante para a manutenção do sistema pantaneiro, ele não ocorreu”, ressalta Helga.

Os pesquisadores destacam que a seca no Pantanal desencadeia no aumento da vulnerabilidade do bioma e em ameaças à biodiversidade, além da vida das pessoas que vivem na região.

Helga enfatiza que a degradação do Pantanal é causada, em especial, pela ação humana, como a construção de barragens e estradas, além do aumento do desmatamento e das queimadas. “As principais nascentes da bacia do Alto Rio Paraguai, que abastecem a planície pantaneira, estão situadas na área mais alta, no Cerrado. O que observamos no Pantanal este ano está muito conectado com impactos em toda essa região nas últimas décadas. As cabeceiras foram muito desmatadas e temos riscos de barramento dos rios. Esses eventos diminuem a capacidade do Pantanal de ter seus pulsos de inundação de forma natural.”

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Brigadistas no Pantanal combatem fogos de fogo
Incêndios no Pantanal já batem recorde desde início da série histórica
MS decreta emergência por incêndios florestais
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Combate ao fogo no Pantanal

Com o auxílio de aviões, brigadistas do combatem fogo em Corumbá
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Brigadistas no Pantanal combatem fogos de fogo

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Incêndios no Pantanal já batem recorde desde início da série histórica

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A geógrafa Mariana Dias, analista de geoprocessamento na ArcPlan, explica que a área alagada no Pantanal é cada vez menor. “Na década de 80, o Pantanal teve um período mais cheio, com áreas maiores ficando alagadas por mais tempo. O que estamos observando agora é que a área alagada nas cheias é cada vez menor. Então, temos mais áreas ficando secas, com as áreas alagadas ficando úmidas por menos tempo. Tudo isso gera instabilidades no ecossistema.”

“Num primeiro momento, a gente tem um fogo que, por si só, já compromete bastante a saúde da população, comprometendo a qualidade do ar e a sensação térmica. Quando a gente tem muita fumaça no ar, a temperatura, ela fica mais alta e temos uma dificuldade de respirar, uma sensação térmica muito ruim”, complementa Helga.

Os pesquisadores destacam a necessidade de restaurar Áreas de Proteção Permanente (APP) nas cabeceiras, a fim de diminuir a erosão do solo e o assoreamento dos rios, e também fortalecer as políticas de combate ao desmatamento.

Focos de calor

Conforme informações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Pantanal registrou 2.639 focos de calor em junho de 2024, um recorde para o período.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que grande parte dos focos estão localizados em áreas privadas, mas que equipes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) estão na região para combater as queimadas.

“É uma cena desoladora. Os incêndios acontecendo agora tem uma junção perversa, da mudança do clima, escassez hídrica severa, desmatamento e uso do fogo. Os dados da ciência dizem que essa é a maior seca dos últimos 70 anos. A quantidade de focos de calor está totalmente fora da curva, mesmo comparando com 2020. Por isso temos uma verdadeira força tarefa”, salientou Marina Silva.

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