O Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou no boletim dessa sexta-feira (26/3) que o número de casos entre adultos jovens aumentou no país. Segundo os especialistas, este “rejuvenescimento” contribui para a manutenção do cenário crítico na ocupação de leitos nos hospitais.
O aumento de jovens internados em hospitais é um fenômeno relatado por profissionais de saúde de diferentes regiões do país. Em boletim divulgado pela Fiocruz nesta semana, os dados apontam indica que houve crescimento nos casos envolvendo adultos jovens num ritmo ainda mais acentuado do que a média geral. No relatório, foram divulgados dados relativos a síndromes respiratórias agudas graves (SRAG), que inclui em sua maioria casos de Covid-19.
Na comparação da primeira semana epidemiológica do ano com a décima semana (7 a 13 de março), o número de casos cresceu 316%. Contudo, entre as faixas etárias de 30 a 39 anos, 40 a 49 anos e 50 a 59 anos o crescimento foi acima de 500%, sendo de 565%, 626% e 525%, respectivamente. Ou seja, mais do que sextuplicaram.
Em relação aos óbitos, o movimento é menos expressivo, mas ainda presente. A alta total de mortes foi de 223%, mas no caso das faixas citadas o incremento foi de 353%, 419% e 317%, respectivamente.
Para os especialistas, um dos efeitos do rejuvenescimento da pandemia está ligado a ocupação de leitos. “Por se tratar de população com menos comorbidades – e, portanto, com evolução mais lenta dos casos graves e fatais, frequentemente há um maior tempo de permanência na internação em terapia intensiva. De fato, a média da idade de pacientes internados vem diminuindo progressivamente. A média da idade dos casos na semana 1 de 2021 foi de 62 anos e de óbitos foi de 71 anos. Os dados mostram que na semana epidemiológica 10, os valores foram 58 anos para casos novos e 66 anos para óbitos.”
Nesta semana, o diagnóstico do observatório aponta que 24 estados e o Distrito Federal registram taxas de ocupação iguais ou superiores a 80%, dezessete dos quais têm taxas maiores que 90%. No entanto, Amazonas e Roraira estão fora do patamar crítico, com ocupação de 79%, e 64% respectivamente. Entre as capitais, dezenove estão com taxas maiores que 90%.
Diante do cenário, os especialistas reforçam a defesa da adoção de dois grupos de medidas: 1) medidas urgentes, que envolvem a contenção da taxa de transmissão por meio de lockdown acompanhado de ampliação da oferta de leitos e prevenção ao desabastecimento de medicamentos e insumos; 2) medidas de mitigação, como ampliar a disponibilidade de máscaras e realizar campanhas para fortalecer o distanciamento social, com objetivo de reduzir a velocidade da propagação.