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Pandemia provoca alta de até 1.000% em preços de insumos para UTIs

Relaxantes musculares e anestésicos utilizados para intubar pacientes estão no grupo dos que apresentam maior alta no custo de compra

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Equipamentos de UTI, com rocurônio e fentanil, dois dos medicamentos em falta e com alta elevação de preço no brasil
1 de 1 Equipamentos de UTI, com rocurônio e fentanil, dois dos medicamentos em falta e com alta elevação de preço no brasil - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Goiânia – Com demanda crescente e cada vez mais elevada, em decorrência do avanço da pandemia da Covid-19 no Brasil, insumos hospitalares, como medicamentos e itens básicos de proteção (luvas e máscaras), tiveram altas de preços no mercado farmacêutico que ultrapassam 1.000% em alguns casos.

O reajuste atinge, principalmente, anestésicos e relaxantes musculares que são utilizados para sedar e intubar pacientes nas unidades de terapia intensiva (UTIs) – essenciais nos protocolos e planos de contingência do tratamento de casos graves da Covid-19.

Em um ano de pandemia, com a grande quantidade de pacientes e necessidade cada vez maior de UTIs, indústrias e laboratórios viram a procura por esses insumos crescer exponencialmente, numa escala acima do que era comumente ofertado no mercado brasileiro.

O Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H), desenvolvido mensalmente pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) em parceria com a plataforma Bionexo, atesta aumento médio dos grupos de relaxantes e anestésicos, durante 2020, de 38,36% e 48,88%, respectivamente.

Numa análise mais específica, surgem exemplos com reajustes mais acentuados. O rocurônio, que é usado para facilitar a intubação, custava em torno de R$ 16 antes da pandemia, de acordo com o setor de compras da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade de Goiás (Ahpaceg). Hoje, o preço gira em torno de R$ 160. Ou seja, 900% a mais.

Esse valor de R$ 160, no entanto, só é praticado em relações comerciais já estabelecidas e com contratos antigos, explica Ana Valéria Miranda, farmacêutica da Ahpaceg. Se quiser adquirir hoje o rocurônio, iniciando do zero uma relação comercial, o preço, segundo ela, chega a ser até 3.000% além do que era cobrado um ano atrás.

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Leito para paciente com Covid-19 em Goiânia
Paciente com câncer precisou acionar a Justiça para ter direito ao tratamento
Profissionais da saúde acompanham evolução de pacientes com Covid-19
Noradrenalina e Midazolan, que é um dos insumos em falta e com alta variação de preço, desde o início da pandemia
Profissional de saúde prepara seringa contendo fentanil, medicamento utilizado para auxiliar na intubação de pacientes
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Insumos que compõem o kit intubação, também em falta no Brasil

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Leito para paciente com Covid-19 em Goiânia

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Paciente com câncer precisou acionar a Justiça para ter direito ao tratamento

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Profissionais da saúde acompanham evolução de pacientes com Covid-19

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Noradrenalina e Midazolan, que é um dos insumos em falta e com alta variação de preço, desde o início da pandemia

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Profissional de saúde prepara seringa contendo fentanil, medicamento utilizado para auxiliar na intubação de pacientes

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Profissional de saúde prepara injeção para aplicar em paciente

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Profissionais de saúde se preparam para intubar paciente em hospital de Goiânia (GO)

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Midazolan

Outro medicamento sensível e que integra os protocolos de atendimento nas UTIs é o midazolam. Também relaxante muscular, sofreu aumento significativo do valor, durante a pandemia.

Em análise de planilhas de custos de hospitais, o Metrópoles encontrou variação do preço unitário que chega a ser de 764%, entre fevereiro de 2020 e fevereiro de 2021. Uma unidade de 10 ml subiu de R$ 2,02 para R$ 17,45.

Em média, no decorrer do ano, segundo a Ahpaceg, o aumento do valor do midazolan foi de 500% na indústria, chegando a 900% na aquisição feita diretamente com laboratórios.

O midazolam e o rocurônio aparecem em lista da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), divulgada na última quinta-feira (18/3), que relaciona medicamentos já em falta no Brasil e com reservas próximas de acabar.

Em Goiás, hospitais têm estoque só para esta semana

Os dois relaxantes musculares estão no centro de uma questão que mobilizou associações e entidades hospitalares, na última semana, em alerta feito à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A iminente falta desses itens nos estoques dos hospitais preocupa a categoria.

Em Goiânia, a Ahpaceg informa que algumas unidades hospitalares têm rocurônio suficiente apenas para o início desta semana. “Sem ele, tem que se regredir ao método do plano de contingência que era praticado 20 anos atrás. Vai ter de fazer uso de outros medicamentos para induzir pacientes ao estado de relaxamento”, explica Ana Valéria.

A farmacêutica conta que existia a previsão de entrega de uma carga de importação do rocurônio no Brasil, há duas semanas, o que não ocorreu. Hoje, diante do contexto, não se sabe quando chegará, tampouco se a quantidade será suficiente para distribuir entre todos que necessitam e estão no aguardo.

Com as UTIs abarrotadas de pacientes em vários estados do país e a transmissão da Covid-19 que segue em curva crescente, a situação torna-se ainda mais preocupante pelo que virá daqui para frente.

Além do rocurônio e do midazolan, estão em falta, ainda, o cisatracúrio, que teve variação de preço verificada pelo Metrópoles de 300% em um ano; o tracrium; a heparina, que é anticoagulante; o atracúrio; propofol, também com variação de preço de 300%; e a fentanila.

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Máscara de ventilação não invasiva
Demanda por UTI é alta em Goiás, mesmo com o aumento de leitos
Ambulância chega com paciente Covid-19 a hospital em Goiânia
Goiás chegou a ter 384 pessoas na fila de espera por leitos de UTI da Covid-19. Hoje tem oito pessoas
Chegada de paciente de Covid-19 a hospital particular de Goiânia
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Redução da fila de espera por leitos de UTI foi de mais de 90% em todo o estado

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Máscara de ventilação não invasiva

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Demanda por UTI é alta em Goiás, mesmo com o aumento de leitos

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Ambulância chega com paciente Covid-19 a hospital em Goiânia

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Goiás chegou a ter 384 pessoas na fila de espera por leitos de UTI da Covid-19. Hoje tem oito pessoas

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Chegada de paciente de Covid-19 a hospital particular de Goiânia

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Luvas para procedimento registraram aumento de 1.400%

Entre os equipamentos de proteção, as luvas utilizadas em procedimentos são as que registram maior variação de preço. Uma caixa com 50 unidades que custava R$ 6 nos meses anteriores à pandemia é vendida hoje aos hospitais por um preço que chega a até R$ 90, ou seja, aumento de 1.400%.

Na busca feita pelo Metrópoles nas planilhas de custo de alguns hospitais públicos de Goiás, foram encontrados exemplos de elevação do valor unitário acima de 440%. Uma caixa com 100 unidades que custava R$ 13,80, em fevereiro de 2020, foi vendida em fevereiro deste ano por R$ 75.

Variação semelhante atingiu as máscaras de proteção. No início deste mês, a Anahp divulgou nota com informações de pesquisa feita em hospitais de todo o Brasil. O aumento médio do valor da máscara N95 foi de 581%, e o da máscara cirúrgica, de 569%.

Outro insumo em falta e que teve variação sensível do preço, segundo o setor de compras da Ahpaceg, foi o cateter de alto fluxo. Ele é utilizado em circuito com outros equipamentos para retardar ou evitar a intubação do paciente. O aumento do valor, conforme pontuou a farmacêutica Ana Valéria Miranda, oscila de 500% a 1.000%, de acordo com a marca.

Situação assusta pela imprevisibilidade da pandemia

Acostumados a trabalhar com dados e demanda média ao longo dos meses, os hospitais estão diante de um cenário que varia conforme a imprevisibilidade da pandemia da Covid-19. E isso torna impossível fazer previsões sobre a quantidade de insumos que serão necessários em futuro próximo.

“Nós tínhamos antes uma noção de quantidade de procedimentos e de cirurgias. A gente tinha uma programação. Hoje, não conseguimos prever. Agora, temos X pacientes. Amanhã podemos ter X+20, X+30”, explica a farmacêutica da Ahpaceg.

Outro fator agravante é a mudança do comportamento do vírus e, ao mesmo tempo, da gravidade dos pacientes. Além do acometimento de pessoas mais jovens, o tempo médio de internação em UTIs subiu nos hospitais particulares de Goiás.

Na primeira onda, vivenciada em 2020, a internação durava, em média, de cinco a sete dias. Neste ano, a ocupação de um leito de UTI por um paciente grave com Covid-19 tem sido de 14 a 15 dias, em média. Alguns chegam a ficar até 45 dias. Tudo isso eleva a necessidade de insumos.

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O projeto tem como público-alvo crianças e adolescentes que ficarão órfãos devido à Covid-19
Durante o pico da pandemia, entre março e abril, movimento foi intenso nos cemitérios de Goiânia
Suor e cansaço, no fim do dia dos coveiros
O trabalho incansável coloca os coveiros, também, entre os que agem na linha de frente da Covid-19
Goiás já registrou 23 mil mortes por Covid
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Coveiros de cemitério de Goiânia enterram vítima de Covid-19

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O projeto tem como público-alvo crianças e adolescentes que ficarão órfãos devido à Covid-19

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Durante o pico da pandemia, entre março e abril, movimento foi intenso nos cemitérios de Goiânia

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Suor e cansaço, no fim do dia dos coveiros

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O trabalho incansável coloca os coveiros, também, entre os que agem na linha de frente da Covid-19

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Goiás já registrou 23 mil mortes por Covid

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Para aproveitar as roupas de proteção, alguns cemitérios da cidade já organizam o agendamento dos enterros de maneira sucessiva, durante a tarde

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Os dados foram divulgados neste sábado (31/7) pelo consórcio veículos de imprensa formado por G1, O Globo, Estadão, Extra, Folha e Uol, em parceria com as secretarias de Saúde das 27 unidades da Federação

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Coveiros colocando as luvas para o próximo enterro do dia, em cemitério de Goiânia

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Coveiros aguardam o próximo enterro em cemitério de Goiânia

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