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Pamonha tem disparada nos preços e não é só inflação. Saiba os motivos

Aumento do valor da pamonha assusta consumidores Brasil afora. Em Goiânia, pamonhas chegam a ser vendidas a quase R$ 16

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Vinícius Santa Rosa / Especial para o Metrópoles
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1 de 1 imagem colorida mostra Pamonha com linguiça - Metrópoles - Foto: Vinícius Santa Rosa / Especial para o Metrópoles

Goiânia – Produto que agrada muitos brasileiros, em especial goianos, mineiros e brasilienses, a pamonha registrou, recentemente, uma alta significativa nos preços. Isso foi sentido até nas redes sociais. Reclamações inundaram o Twitter nos últimos dias.

A causa mais direta da alta seria a inflação. Mas não é só ela. A redução do plantio de milho no país e a estiagem são outras causas que também acabaram influenciando. Até a presença dos aplicativos de entregas contribui para os preços mais altos.

A pamonha está entre aqueles produtos sensíveis, cuja alta do preço é sentida de imediato por seus adoradores, que não são poucos. Nesse grupo, com certeza, estão os goianos, inseridos desde cedo na tradição e habituados a terem a pamonha, seja “de sal”, doce ou à moda, como refeição cativa.

Nos últimos meses, a alta do preço cobrado por uma pamonha chocou o consumidor, mas não foi só em Goiás que isso aconteceu. Pela movimentação e “revolta” das pessoas nas redes sociais, a conclusão é uma só: a pamonha está cara em várias partes do Brasil.

Veja alguns comentários:

O Metrópoles foi em busca de explicações para esse aumento do valor cobrado. Em Goiânia, capital que possui milhares de pamonharias espalhadas pelos bairros, feiras e esquinas, e que, pela quantidade, esperava-se um preço melhor, chega-se a cobrar por uma pamonha, hoje, R$ 16, dependendo do caso.

Pouco milho disponível

O principal aspecto que impacta na alta do preço está relacionado ao milho, produto essencial para a produção da pamonha. Em Goiás, além dos efeitos da inflação que atinge todo o país, a colheita de milho verde reduziu drasticamente este ano, em razão da estiagem no primeiro semestre.

O que os agricultores chamam de “safrinha” do milho conseguiu apenas 60% do esperado. Imaginava-se que seriam colhidas em Goiás 10 milhões de toneladas este ano, mas o resultado ficou em 6 milhões.

“Isso elevou muito o preço do milho. Sacas que antes eram vendidas por R$ 40 ou R$ 45 passaram a ser vendidas por R$ 80”, conta o coordenador institucional do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), Leonardo Machado.

Reclamações sobre o preço do milho também aparecem nas redes. Veja:

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Lavouras de milho não deram o resultado esperado este ano, em Goiás
Pamonha é queridinha do cardápio goiano e de boa parte do Brasil
Produtos que compõem a produção de pamonha tiveram alta do preço, em razão da inflação
Produto encareceu em vários estados do Brasil
Em Goiânia, cidade que possui milhares de pamonharias, uma pamonha chega a ser vendida por quase R$ 16
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Pamonharias de Goiás tiveram de recorrer a milho de outros estados, como MG, BA e TO

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Lavouras de milho não deram o resultado esperado este ano, em Goiás

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Pamonha é queridinha do cardápio goiano e de boa parte do Brasil

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Produtos que compõem a produção de pamonha tiveram alta do preço, em razão da inflação

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Produto encareceu em vários estados do Brasil

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Em Goiânia, cidade que possui milhares de pamonharias, uma pamonha chega a ser vendida por quase R$ 16

Divulgação Pamonharia da Roça
Milho de outros estados

A demanda de produção diária de pamonha não reduziu, pelo contrário. Com a chegada da frente fria e das chuvas de fim de ano em Goiás, a procura por pamonha aumentou, como já era esperado. Restou aos estabelecimentos procurarem milho em outros estados do Brasil, como Minas Gerais, Bahia e Tocantins.

Essa compra de fornecedores distantes, no entanto, é outro fator que interfere no preço final do produto. No valor do milho, entram os custos de transporte, por exemplo, o que eleva ainda mais o preço pago pela matéria-prima e, por consequência, pelo produto final.

Cada espiga de milho que sai de Minas Gerais e chega ao pamonheiro de Goiás custa, em média, R$ 0,33 mais cara do que o valor pago se a espiga fosse comprada no próprio estado, segundo empresários do ramo. Dependendo do contexto, o preço é até 100% mais caro do que o normal.

Sem milho e de portas fechadas

A situação chegou a um ponto, principalmente entre o final de agosto e início de outubro deste ano, que ou se comprava o milho mais caro vindo de outros estados ou ficava sem produzir, podendo fechar as portas da pamonharia.

“Muitas pamonharias pequenas fecharam em cidades próximas a Goiânia, porque não conseguiam comprar o milho. Não tinha nem na Ceasa. Tem fornecedor nosso que ficou um mês e meio sem trabalhar. A gente nunca pagou tão caro pelo milho como agora, em quase 40 anos de funcionamento”, revela Sara Lôbo, gerente da pamonharia Frutos da Terra.

O contexto goiano, cuja demanda por milho é grande e diária, já que todo dia é dia de pamonha, acaba interferindo em outros locais do Brasil. Goiás, além de ser produtor de milho e que é acostumado a fornecer para outros estados, entrou este ano na fila da compra e concorrência pelo milho produzido fora de suas divisas.

“Tudo está mais caro”

O preço do milho, claro, além dos enfrentamentos de plantio e redução da colheita, eleva-se com a alta da inflação no país. Tratando-se de pamonha, todos os produtos e matérias-primas envolvidas no processo de produção registraram aumento de preço, nos últimos meses.

“Não é só o milho. Tudo está mais caro”, diz Sara Lôbo. E essa percepção dela, de quem sente no dia a dia da gerência de uma pamonharia o efeito da alta dos preços, é comprovada pelos números oficiais. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), comprova isso.

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Inflação atingiu 10,67%, nos últimos 12 meses, no Brasil
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Inflação atinge produtos que compõem a fabricação da pamonha

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Inflação atingiu 10,67%, nos últimos 12 meses, no Brasil

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O açúcar cristal, utilizado na produção de pamonhas de doce, teve um aumento médio no Brasil de 31,58% só este ano e 42,47% nos últimos 12 meses. O sal registrou uma variação de 6,23% só de janeiro a outubro. O queijo, que vai na pamonha de sal, subiu 14,37% em 2021 e 15,15% nos últimos 12 meses.

“O óleo de cozinha, por exemplo, eu pagava R$ 3,50. Hoje é R$ 7. Tem, ainda, o preço do gás, que só aumenta, do açúcar, que até pouco tempo a gente pagava R$ 10, R$ 12 e hoje está em torno de R$ 17, R$ 18. O quilo de palha de milho, porque nem toda palha dá certo para pamonha e a gente tem que comprar separado, antes era R$ 2. Hoje, está R$ 5”, expõe Sara.

Efeito dos apps de entrega

Não bastassem os efeitos da inflação, tem ainda outro fator que se soma a tudo isso e, também, influencia no preço final da pamonha, especialmente das que são compradas por meio de aplicativos de delivery.

Normalmente, o preço cobrado pela pamonha nessas plataformas é mais caro do que o valor cobrado no próprio estabelecimento. O motivo é a taxa de 20% a 25% que é cobrada pelos apps sobre as vendas efetuadas pelas empresas cadastradas.

Para tentar amenizar esse desconto, os empresários acabam aumentando o valor final do produto nos aplicativos.

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