Palestra de Luiz Fux no RS é cancelada após pressão de bolsonaristas
Segurança do ministro do Supremo Tribunal Federal não poderia ser garantida, segundo argumentou a assessoria do presidente do STF
atualizado
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Uma palestra do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, foi cancelada após protestos de empresários bolsonaristas associados ao Centro da Indústria, Comércio e Serviços (CIC) do município.
A organização estava responsável pelo evento “Risco Brasil e Segurança Jurídica”, com a presença do magistrado e marcado para 3 de junho, e enviou o material de divulgação para associados na última sexta-feira (20/5). A recepção por parte dos empresários bolsonaristas, entretanto, foi negativa, e o CIC passou a temer pela segurança do ministro.
Uma das razões pelo temor é local onde aconteceria a palestra – o Parque de Exposições da Fenavinho -, que, segundo o CIC, não permitiria que a segurança do convidado fosse garantida.
O local chegou a ser alterado para o Spa do Vinho, onde Fux ficaria hospedado, e a organização foi repassada para a subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) da cidade.
Entretanto, segundo o presidente da subseção da Ordem, Rodrigo Terra de Souza, o gabinete de Fux comunicou o cancelamento da palestra nesta quarta-feira (25/5).
“As coisas começaram a esquentar nas redes sociais na segunda-feira e o CIC nos procurou. Acredito que faltou a quem se revoltou com a presença do ministro diferenciar preferências políticas de relações institucionais. Ficou muito mal para Bento Gonçalves rejeitar a presença do presidente de um dos Poderes na cidade”, disse Souza à Folha de S.Paulo.
Antes de o gabinete de Fux solicitar o cancelamento, a subseção da OAB chegou a emitir uma nota em que se coloca como uma entidade “apartidária e apolítica”, diz que “democracia é feita pelo diálogo” e que a entidade tem a “obrigação institucional” de receber o ministro “independentemente de sentimentos e interesses políticos, concordâncias e discordâncias sobre posicionamentos do Supremo Tribunal Federal”.
“Protesto pacífico”
Pelas redes sociais, o deputado federal Bibo Nunes (PL) comemorou o cancelamento: “Isso comprova que nenhum ministro do STF pode andar na rua no Brasil. Nem em local fechado”.
Nunes vê o protesto contra Fux como um “protesto pacífico”. “Eu, em momento algum, incentivei qualquer tipo de vandalismo e de violência contra o ministro Fux. Trata-se de protesto pacífico, que é da democracia”, disse.
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