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Pai faz faculdade com filho deficiente para garantir educação inclusiva

Felipe realizou 14 cirurgias por conta da hidrocefalia e para melhorar sua locomoção. Junto ao pai, Luiz Afredo, formou-se em pedagogia

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Pai cursa faculdade ao lado do filho deficiente
1 de 1 Pai cursa faculdade ao lado do filho deficiente - Foto: Reprodução

No município de Arapiraca, localizado no Agreste alagoano, a 130 km de Maceió, Luiz Alfredo, pai de três jovens, decidiu cursar a faculdade com o filho mais velho, Luiz Felipe, que tem paralisia cerebral, para garantir, de perto, o acesso a uma educação inclusiva.

Luiz Felipe nasceu em 1994 e pai e filho se formaram em pedagogia pela Universidade Norte do Paraná (Unopar) em 2020.

“Quando a gente descobre que vai ser pai de uma criança deficiente, existem duas únicas alternativas: aceitar ou não aceitar”, disse Luiz Alfredo. “Eu resolvi aceitar e, com isso, abdiquei de muita coisa para viver em dedicação ao meu filho”, continuou.

Ao lado da esposa, a jornalista pernambucana Mônica Nunes, Luiz Alfredo enfrentou o desafio de trazer Felipe ao mundo, conforme matéria do 7 Segundos.

“Quando descobrimos a doença do Felipe, nós não sabíamos do que se tratava e até os médicos pareciam não estar preparados para tratar do assunto. Foi um período de medo do desconhecido, mas eu e Mônica enfrentamos juntos”, explicou.

Cercados de anjos

Luiz Alfredo também é pai de Maria Gabriela, de 24 anos, e Maria Carolina, de 23, e afirma que a família e os amigos contribuíram muito durante todo o processo de criação de Felipe.

“O nosso segredo foi nos cercarmos de anjos. Felipe morou 10 anos em Recife com a família da minha esposa para poder fazer o tratamento. Para se ter uma ideia do quão novo tudo isso era, o Felipe é o paciente de número 35 da Associação de Assistência à Criança Deficiente”, falou.

Felipe realizou 14 cirurgias por conta da hidrocefalia e para melhorar sua locomoção. Mas mesmo com os problemas recorrentes, a família fez de tudo para incluí-lo em todas as atividades e garantir que ele tivesse acesso a (quase) tudo que uma criança sem deficiência teria.

Talentos próprios

O acesso à educação superior foi apenas uma das batalhas enfrentadas por Luiz Alfredo e Felipe. O pai o incentivou para que o filho descobrisse os próprios talentos.

“Sempre fui um apaixonado por música e percebia que Felipe também gostava bastante. Tentamos inseri-lo neste mundo, mas no começo foi bem difícil, principalmente pelo descrédito das outras pessoas”, disse Luiz Alfredo. “Lembro de professores que diziam que ele não tinha ritmo”, ressaltou.

Felipe experimentou aprender bateria, mas não tinha coordenação suficiente para o instrumento. Depois passou para o violão, mas a mão esquerda, responsável pelos acordes, não tinha força.

Na Paróquia do Santíssimo Redentor, frequentada pela família, surgiu a ideia de tentar tocar teclado. “Começamos a treinar em casa, ensaiando músicas da igreja e tem dado certo. Já temos um repertório bem vasto”, disse Luiz Alfredo, que não larga o filho para nada.

Pai como referência

A filha mais nova de Luiz, a arquiteta Maria Carolina Pereira, de 23 anos, destaca que o pai é uma referência para ela.

“Quando se tem um pai tão participativo e fiel à família, a gente acaba utilizando ele como nível para os próprios relacionamentos. Não aceito menos para mim do que um parceiro que seja tão incrível quanto meu pai é para minha mãe e para os filhos”, explicou.

Para ela, Luiz Alredo nasceu para a paternidade. “Sempre entendemos que meu pai precisaria dedicar mais atenção ao Felipe, mas isso nunca o fez ser menos pai para mim e para a minha irmã Gabriela. Eu moro fora há vários anos, mas não lembro de um dia em que não nos falamos”, disse, emocionada.

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