Pai de oficial da Abin preso pela PF tentou contrato com o Exército
Servidor da Abin era suspeito de ser real dono da empresa do pai e foi investigado internamente. Para evitar demissão, teria chantageado
atualizado
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Edson Izycki, pai do oficial preso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Eduardo Arthur Izycki, é dono de uma empresa que tentou contrato com o Exército Brasileiro. Eduardo foi investigado internamente por causa dessa empresa no nome do pai e teria chantageado colegas para não ser demitido.
O oficial da Abin foi preso nesta sexta-feira (20/10) pela Polícia Federal (PF), em uma operação sobre um esquema de espionagem ilegal.
A empresa Icciber Segurança Cibernética, do pai de Eduardo, tentou contrato com o Exército em 2018, para prestar um serviço na área de soluções de exploração cibernética e web intelligence, justamente áreas de atuação de Eduardo dentro da Abin.
Por causa dessa situação, Eduardo passou a responder a um processo administrativo dentro da Abin. Ele estava prestes a ser demitido e teria tentado reverter essa situação ameaçando colegas de vazar a existência de um esquema de espionagem ilegal dos celulares de autoridades, segundo a PF.
O outro servidor da Abin preso pela PF, Rodrigo Colli, também respondia a processo administrativo e também teria chantageado colegas para se livrar de uma demissão.
Além das duas prisões, a PF cumpriu 25 mandados de busca e apreensão. Cinco diretores da Abin foram afastados, entre eles o número três na hierarquia da instituição, o secretário de Planejamento e Gestão, Paulo Maurício Fortunato Pinto.
Respostas
A Icciber Segurança Cibernética foi extinta em 2019 e não chegou a fechar contrato com o Exército Brasileiro. A reportagem tentou contato com Edson Izyck, pai do oficial da Abin preso, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.
O Metrópoles também tenta localizar a defesa dos dois servidores da Abin presos e também entrou em contato com o Exército Brasileiro. O espaço segue aberto.
Em nota divulgada nesta sexta, a Abin informou que o software de espionagem investigado pela Polícia Federal deixou de ser utilizado em maio de 2021 e que desde fevereiro deste ano há uma investigação interna sobre irregularidades no uso desse programa.
Informações colhidas nessa sindicância foram compartilhadas com a PF e o STF, segundo a agência de inteligência. Além disso, os afastamentos temporários de servidores determinados pela Justiça foram cumpridos.