Pai de Cid usou telefone funcional para fotografar joias, diz Apex
Segundo investigação interna da Apex, o general Lourena Cid usou a estrutura do escritório em Miami para negociar joias de Bolsonaro
atualizado
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Investigação interna da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) concluiu, nesta sexta-feira (12/7), que o general Mauro Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, usou a estrutura do escritório em Miami (EUA) para negociar as joias sauditas que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ganhou enquanto exercia o cargo.
De junho de 2019 a janeiro de 2023, o general chefiou o escritório da Apex em Miami. O cargo dele era fruto de uma indicação do então presidente Jair Bolsonaro, uma vez que ambos têm relação de longa data.
A Apex ainda identificou que Lourena Cid teria fotografado os presentes entregues ao então presidente Bolsonaro durante visitas oficiais “antes e depois” de ser demitido do cargo, em 3 de janeiro de 2023, usando o celular funcional da agência.
Em uma das imagens, a Polícia Federal identificou o rosto do general no reflexo (confira abaixo) de uma foto usada para negociar, nos Estados Unidos, esculturas recebidas como presente pelo então presidente.
“A partir de trecho de relatório da PF [Polícia Federal] com imagens de mensagens de WhatsApp enviadas por Lourena Cid com identificação de data, foi possível concluir que, às 10:39 da manhã de 4 de janeiro de 2023, já demitido mas ainda nas dependências do escritório da Apex, ele usou o celular funcional para compartilhar fotos das joias e objetos de arte do acervo atribuído ao ex-presidente”, destaca trecho de nota da empresa.
A Apex reforçou que as demais fotos, amplamente divulgadas pela mídia, foram produzidas pelo “mesmo celular corporativo” e compartilhadas de dentro do escritório da agência.
Lourena Cid relutou para devolver aparelhos funcionais, diz Apex
A empresa informou que o general teria resistido em devolver o telefone e o notebook funcionais à empresa. A devolução do computador só ocorreu em 17 de janeiro, 14 dias após sua demissão do cargo.
O aparelho celular, por sua vez, continuou sendo usado até 7 de fevereiro. A Apex concluiu que ele teria usado o telefone funcional para manter conversas com o filho, Mauro Cid — um dos principais suspeitos de revender as joias sauditas.
De acordo com as investigações da empresa, na devolução do celular, os dados de Lourena Cid foram apagados, de “forma irregular”, por um servidor do escritório de Miami “na presença de outros”.
“Em ambos os casos, foi contrariado o procedimento padrão de devolução e apagamento dos dados de equipamentos da Apex Brasil, que devem ter sua integridade atestada e seus dados apagados por uma empresa prestadora de serviços de tecnologia contratada da Agência”, diz trecho do comunicado.
Pai de Cid é investigado no caso das joias
Lourena Cid é alvo de investigações do inquérito sobre o “caso das joias”, que apura a venda irregular de presentes sauditas entregues ao então presidente Bolsonaro durante visitas oficiais e comercializadas nos Estados Unidos (EUA).
Depois de Lourena Cid prestar depoimento à PF, a Apex abriu uma investigação interna sobre a conduta do general na agência. Foram colhidos 16 depoimentos. O relatório será enviado à PF, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal de Contas da União (TCU).