Pai de adolescente que morreu de síndrome pós-Covid faz alerta
Paulo César dos Santos disse que a filha Ana Clara não teve qualquer sintoma indicando que ela estava com a doença
atualizado
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A adolescente de 13 anos Ana Clara Macedo foi a primeira vítima da síndrome pós-Covid-19 em Campinas (SP). Mesmo com a dor da perda, a família está dedicando um tempo para alertar outras pessoas sobre a necessidade do isolamento e de cumprir as recomendações do Ministério da Saúde, já que a menina morreu sem ter tido qualquer sintoma da doença.
O pai da menina, Paulo César dos Santos, de 50 anos, reforçou ao G1 a importância de se atentar às questões ligadas ao vírus, para que mais famílias não passem por situação parecida. “Ela deixou um legado para nós do amor de Deus, o perdão. Quero levar o legado dela pra frente. Que tudo isso sirva de alerta, porque criança também pega. Se previnam, usem máscara, álcool em gel, higienização”, alertou.
O homem disse ainda que a mulher e dois dos filhos foram contaminados pelo vírus em dezembro e que Ana Clara não fez o teste PCR-RT por não ter sentido qualquer manifestação. Além disso, Santos relatou que nenhum dos familiares teve sintomas graves do coronavírus.
Pouco mais de um mês depois, Ana Clara relatou aos pais a insistência de cólica abdominal. Ela foi levada ao hospital e imediatamente internada. Por meio de exames, Ana Clara descobriu que havia tido contato com o vírus. Dois dias após o laudo, os sintomas pioraram e a adolescente morreu, em 24 de fevereiro, devido à falência múltipla dos órgãos.
O Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) atestou que a morte de Ana Clara ocorreu em razão da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica. “Não sabíamos que existia a síndrome, ficamos sabendo pelo hospital”, contou o pai da jovem.
Em comunicado, a equipe médica explicou que uma provável causa para Ana Clara ter sido vítima da síndrome é o fato de ser obesa. “Não tinha problema respiratório nem pressão alta, coisas que podem vir com obesidade. Era uma criança saudável”, disse o pai da menina.
Síndrome inflamatória multissistêmica
A síndrome pós-Covid é manifestada de forma semelhante à Síndrome de Kawasaki, que ocasiona processo inflamatório no organismo. O primeiro caso de SIM-P foi diagnosticado em abril de 2020, em um bebê de seis meses, nos EUA.
De acordo com pesquisas publicadas por meio do Hospital Infantil Bambino Gèsu, no Vaticano, e por especialistas do Instituto Karolinska, na Suécia, a Síndrome Inflamatória Multissistêmica pode ser uma das condições que intensifica a reação do corpo humano quando infectado pela Covid-19.
Os pesquisadores dizem que a SIM-P funciona como um gatilho para um processo infeccioso muito intenso.