Pai acredita que filha está soterrada embaixo de prédios desabados
Segundo ele, a filha estava dormindo na hora do desabamento. O marido teria saído mais cedo para trabalhar
atualizado
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Logo após o desabamento de dois prédios no Rio de Janeiro, um senhor ansioso comoveu a população local. Manoel Araújo Gomes, de 53 anos, acredita que a sua filha, Antônia Deiva Sampaio, de 30 anos, esteja soterrada. Segundo ele, ela estava dormindo quando o prédio desabou.
“Minha filha está nos escombros. O marido dela saiu para trabalhar e a deixou dormindo. Ela não teve tempo de sair. Ninguém sabe o que eu estou sentindo neste momento. É uma dor intensa, enorme. E eu não tenho notícias nenhuma das buscas”, disse o idoso ao jornal Extra.
Veja imagens do local:
Mortes
Pelo menos duas pessoas morreram, um homem e uma criança, e outras três ficaram feridas após o desabamento nesta sexta-feira (12/4), de dois edifícios residenciais na comunidade da Muzema, na zona oeste do Rio de Janeiro.
O Corpo de Bombeiros trabalha incessantemente nos escombros com uma lista de 17 nomes de pessoas que estariam desaparecidas. Eles isolaram a área da tragédia porque outros prédios do entorno estariam em risco iminente de desmoronamento. Cães farejadores estão no local.
A Secretaria Municipal de Saúde do Rio informou que uma mulher de 35 anos chegou ao Hospital Municipal Lourenço Jorge com um trauma no abdômen e está em procedimento cirúrgico. No início, os órgãos de socorro tinham informado que um homem havia sido resgatado pelos vizinhos e que o mesmo foi levado para um hospital próximo.
Milícias
A comunidade da Muzema é uma área sob o domínio de milícias, grupos paramilitares formados por PMs, militares, agentes penitenciários e civis, que exploram ilegalmente vários negócios Um dos mais conhecidos seria o da construção irregular.
A prefeitura do Rio de Janeiro, que espera divulgar nas próximas horas um balanço inicial sobre vítimas e danos materiais, comunicou que cerca de 60 edifícios da região foram construídos de maneira “irregular” em zonas de “alto risco de desmoronamento”.
Os apartamentos nos prédios irregulares construídos e comercializados por milicianos são vendidos a preços abaixo do mercado. Unidades de dois quartos, com garagem, estavam sendo vendidos por valores que iam de R$ 40 mil a R$ 100 mil. Moradores contam que sabiam que os imóveis eram irregulares, mas que comprá-los era a forma encontrada para conseguir ter um lugar para morar.
O Complexo da Muzema é formado por duas comunidades, a do Cambalacho e a da Muzema. De acordo com o Instituto Pereira Passos (IPP) na favela da Muzema moram pelo menos 4 mil pessoas em 1.528 domicílios. Os números, no entanto, são do Censo de 2010.
Com a expansão da milícia e as construções irregulares, a expectativa é de que a população seja atualmente muito maior. A área ocupada pela comunidade é de 90 mil metros quadrados, segundo registro de 2018.