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Pai abordou grupo que matou filho em Jericoacoara durante as buscas

Pai passou a madrugada de terça (17/12) buscando pelo filho nas vielas de Jericoacoara e perguntou por ele para o grupo suspeito de matá-lo

atualizado

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imagem colorida de turista morto em jericoacoara
1 de 1 imagem colorida de turista morto em jericoacoara - Foto: Reprodução

O empreiteiro de obras Danilo Martins de Jesus, de 33 anos, relatou ao Metrópoles como foram as horas de buscas pelo filho adolescente, encontrado morto nas imediações da vila de Jericoacoara (CE), após ser sequestrado e assassinado por um grupo de traficantes na madrugada dessa terça-feira (17/12).

Entre 2h e 7h, o pai percorreu as ruas da vila, aos gritos, em busca de informações sobre o paradeiro do filho, Henrique Marques de Jesus, de 16 anos, até obter imagens de câmeras de segurança com comerciantes do Mercado Central de Jericoacoara e descobrir que o adolescente havia sido sequestrado, agredido e levado por um grupo de, pelo menos, sete pessoas.

Nesse momento, ele percebeu que havia falado com esse mesmo grupo e perguntado sobre o filho, horas antes, em uma das vielas da vila. “Eles ficam lá. Desde o dia que chegamos, vimos eles nesse local. Entre 2h30 e 3h, no mesmo dia do sumiço, percebi que eles estavam lá, passei por eles e perguntei se tinham visto um jovem negro, adolescente, de 16 anos, mas eles falaram que não”, relata Danilo.

Em seguida, nas proximidades da viela, o pai abordou um rapaz, perguntando se ele havia visto o filho passando por ali e ouviu o seguinte como resposta: “Fera, não posso te falar nada”. Foi a partir desse momento que Danilo percebeu que algo de mais sério poderia ter ocorrido, pois, segundo ele, ficou clara a “lei do silêncio” que impera em Jericoacoara.

Com a foto do registro feito pelo vídeo das câmeras de segurança, ele procurou a polícia na manhã de terça-feira, mostrou a imagem e registrou um boletim de ocorrência sobre o desaparecimento de Henrique. O pai e o filho são de Bertioga (SP), no litoral paulista, e faziam a primeira viagem juntos. Eles retornariam para casa no dia em que o adolescente foi assassinado.

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Imagem de reprodução do vídeo que mostra Henrique sendo levado por grupo de homens
Henrique Marques de Jesus, de 16 anos, adolescente encontrado morto em Jericoacoara
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Henrique Marques de Jesus, de 16 anos, ao lado do pai, Danilo Martins de Jesus, durante a viagem em Jericoacoara (CE)

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Imagem de reprodução do vídeo que mostra Henrique sendo levado por grupo de homens

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Henrique Marques de Jesus, de 16 anos, adolescente encontrado morto em Jericoacoara

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Pai aguarda chegada do corpo do filho

O corpo de Henrique foi encontrado na quarta-feira (18/12) próximo à Lagoa Negra, numa área afastada do centro de Jericoacoara. O pai já está em casa, mas ainda aguarda a chegada do corpo do filho, que, segundo ele, só deve ocorrer na segunda-feira (23/12). “Ele não foi a primeira nem será a última vítima do que acontece lá [em Jericoacoara], aquele lugar amaldiçoado”, revolta-se Danilo.

Nesta sexta-feira (20/12), a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) do Ceará informou, por meio de nota, que os suspeitos já foram identificados, mas ainda não foram presos. As diligências seguem no sentido de localizá-los. O pai da vítima, no entanto, disse que falou com um policial que atua em Jericoacoara e ele avisou que estava aguardando a chegada de reforços para efetuar a prisão.

Danilo está revoltado com a falta de resposta, pois sabe que os suspeitos são conhecidos na vila e poderiam ser, facilmente, localizados. “Estou com mil coisas na cabeça, um sentimento ruim, de raiva. Você sair para viajar com seu filho, para curtir um momento com ele e acontecer uma barbaridade dessa, não existe isso. Não pode ficar impune”, afirma.

Veja vídeo de Henrique sendo levado pelo grupo de traficantes:

 

Gesto com a mão em foto publicada na internet

O pai acredita que o filho tenha sido assassinado por causa de um gesto “inocente” feito com a mão em fotos publicadas na internet, durante a viagem. O sinal de três dedos é associado, no mundo do crime, à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e demais grupos aliados. Isso, na visão dele, pode ter motivado a ação de integrantes de uma possível facção rival.

A polícia ainda investiga essa possibilidade. Danilo nega que Henrique tenha tido relação com o crime e diz que o sinal com os dedos feito por ele nas fotos é “coisa de jovem”, algo comum onde eles moram. “Todo o pessoal daqui [onde a gente mora] faz aquele gesto. Para nós, aqui, não tem isso de facção”, diz o pai.

Apesar disso, o pai tem notado, nos últimos dias, uma tentativa de criminalizar o filho, associando-o ao PCC. “Estão querendo inverter a situação, como se ele fosse bandido aqui onde ele morava, para abafar o caso. Meu filho não é bandido.” Segundo o pai, Henrique concluiu o Ensino Médio e começaria a trabalhar, assim que retornasse para casa. “Ele já estava com emprego arrumado”, conta ele.

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