Paes: “Se fosse pra ser popular, deixava tudo aberto. Fique em casa”
Novas regras, mais rígidas, serão definidas na próxima semana. Entrada de ônibus e veículos de fretamento também estão proibidas no Rio
atualizado
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Rio de Janeiro – O prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM), deu um ultimato aos cariocas e aos prefeitos da Região Metropolitana do estado. Segundo ele, que fechou as praias nesta sexta-feira (19/3), quem vive na cidade do Rio deve se acostumar a ficar em casa, assim como os moradores das cidades vizinhas que adotaram medidas com o mesmo rigor para evitar mais mortes pela Covid-19.
“Se fosse pra ser popular, eu deixava tudo aberto. É pra ficar em casa”, pediu Paes, que conversou com a imprensa nesta sexta-feira sobre o novo decreto publicado.
Segundo o prefeito, estamos vivendo o momento mais crítico, de novo. “Quero fazer um último apelo. Medidas restritivas mais rígidas serão adotadas na próxima semana, e não vejo solidariedade no Brasil, união. Vamos fechar e precisamos estabelecer redes de solidariedade. Temos um desemprego alto e os mais pobres sofrem muito”, disse.
“Não fizemos lockdown de dois meses porque as pessoas precisam comer. Então, precisamos pedir que volte aquela rede lá do início, em que o patrão pagava o salário sem o funcionário sair de casa, aquela cesta básica que você doava, isso é fundamental pra atravessar o que vem por aí”, completou.
Um novo pacote de medidas será divulgado na próxima segunda-feira, que poderá fechar serviços. Pela primeira vez, o prefeito admitiu que o fechamento das escolas está sendo avaliado e a decisão pode estar no conjunto de regras que serão decretadas na próxima semana.
“A gente tá vendo as pessoas morrendo e não é brincadeira. É hora de puxar o freio de mão, de segurar a onda. Precisamos de coesão metropolitana e dou um aviso: preparem-se para momentos mais difíceis”, alertou
Ainda segundo Paes, durante coletiva para divulgação do 11º Boletim Epidemiológico da gestão, as medidas não têm caráter político, populista ou eleitoral. “Interpretem as pressões como quiserem. Estou apelando para a consciência das pessoas com o decreto de hoje. Depois, é força de segurança pra quem estiver nas praias e multa”, afirmou.
Outro ponto crítico da cidade é o sistema de transporte e os corredores expressos BRT, que repetem, diariamente, cenas de desrespeito e descumprimento das medidas sanitárias. “O sistema BRT tá falido. E cassamos a concessão, o que é a medida mais extrema. Não há pó de pirlimpimpim pra resolver. Estamos assumindo para melhorar isso”, garantiu.
No decreto desta sexta-feira (19/3), o prefeito Eduardo Paes decidiu ampliar as medidas de restrições em mais uma tentativa de conter a disseminação da Covid-19 na capital. Durante este fim de semana, as praias e áreas de lazer estarão fechadas no Rio e os ambulantes estão proibidos.
A restrição nas praias cariocas começa a valer a partir deste sábado (20/3) e “a permanência de indivíduos nas areias das praias, em qualquer horário, incluindo-se a prática de esportes, o banho de mar e o exercício de qualquer atividade econômica” está vedada.
“Não é o momento de sair de casa. Não é o momento nem de perguntar se pode. É o momento de ficar trancado em casa. Tem uma nova variante circulando, pior que a anterior, circulando intensamente e as pessoas vão morrer. Portanto, é pra ficar em casa, certo?”, explicou o secretário de Saúde, Daniel Soranz.
O prefeito também restringiu a entrada de ônibus e demais veículos de fretamento no município; o estacionamento de carros na orla marítima; e o uso de pistas de rolamento do Aterro do Flamengo como áreas de lazer.
Até essa quinta-feira (18/3), a cidade do Rio tem 216,9 mil casos de Covid-19 confirmados, além de 19,8 mil óbitos em decorrência da doença. A taxa de ocupação operacional de leitos é de 90%.