Padre Robson: onde está maior sino do mundo comprado para igreja em GO
Antiga associação de Padre Robson recorreu a ajuda do governo para trazer da Polônia sino de 55 toneladas e que custou quase R$ 18 milhões
atualizado
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Um dos elementos mais simbólicos da obra do novo santuário do Divino Pai Eterno – iniciada pelo padre Robson de Oliveira em Trindade (GO), em 2012, e que até hoje não foi concluída – é o chamado “maior sino do mundo”, fabricado na Polônia.
Desde 2018, a Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), antiga associação do religioso, informa aos fiéis que o Vox Patris (A Voz do Pai), nome dado ao sino, já foi concluído e está pronto para ser transportado ao Brasil.
Até o momento, no entanto, apesar de promessas anteriores de que ele estava prestes a ser transportado – com previsão, inclusive, para 2019 –, o objeto de 55 toneladas, 4 metros de altura e 4,5 metros de diâmetro ainda não aportou no país.
O sino foi alvo de suspeita de superfaturamento, durante a Operação Vendilhões, deflagrada pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) em 2020 e que investigou suposto desvio do dinheiro doado por fiéis.
Em primeiro momento, a Afipe, capitaneada à época por Robson, informou que o objeto havia custado em torno de R$ 6 milhões, mas a investigação descobriu que o valor real foi de quase R$ 18 milhões.
Pedido de ajuda ao governo federal
Desde que o religioso foi afastado da Afipe e da reitoria da basílica do Divino Pai Eterno, a obra do novo santuário avançou, e a associação adotou uma postura de dar maior transparência às suas ações e aos seus projetos. O sino, no entanto, ainda não chegou ao Brasil, apesar de estar pronto há seis anos.
Em março deste ano, o novo reitor da basílica e presidente da Afipe, padre Marco Aurélio Martins da Silva, esteve com representantes do governo federal para viabilizar a vinda do sino da Polônia. Ele deverá ser transportado de navio.
O padre esteve com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, com o secretário executivo do ministério, Olavo Noleto, e com o chefe de gabinete da secretaria executiva, Sérgio Alberto Dias.
Procurada pela reportagem, a Afipe informou, nesta segunda-feira (12/8), que o sino ainda não chegou ao Brasil, e que a associação segue na tentativa de organizar a logística da vinda. Diante do quadro, é impossível informar uma previsão da chegada.
Como é o “maior sino do mundo”
A compra do “maior sino do mundo” virou um dos grandes motes de divulgação da obra do novo santuário, em Trindade. O Vox Patris começou a ser produzido em meados de 2018. Sua composição inclui 78% de cobre e 22% de estanho.
O sino possui imagens fundidas na parte externa que remontam à história da Santíssima Trindade, desde 1840 até a construção do novo santuário. Os demais sinos menores, que compõem o conjunto, e ele serão instalados em um edifício campanário de 100 metros de altura.
O ponto exato ficará ao lado do novo santuário. Ao todo, segundo a Afipe, serão 73 sinos juntos: 68 menores em carrilhão, outros quatro medianos, que também serão trazidos da Polônia, e o Vox Patris.
A nova basílica, cuja previsão inicial de término era 2022, segue em construção. Ela foi projetada para ser a segunda maior do país e a terceira maior do mundo. A área total construída será de 145 mil metros quadrados. O templo terá capacidade para acomodar 8 mil pessoas sentadas.
Obra segue sem relação com padre Robson
À época da Operação Vendilhões, quase nove anos após o início da obra, apenas 17% do projeto havia sido concluído. Desde que Robson se desligou da igreja em Goiás e da Afipe, o projeto avançou, mas ainda falta muito a ser feito.
Como mostrado pelo Metrópoles nesse domingo (11/8), ele se transferiu para São Paulo após o arquivamento do processo que o investigava. Desde agosto do ano passado, ele retomou as celebrações na região de Mogi das Cruzes, no interior paulista.
Robson de Oliveira criou, inclusive, uma nova associação, chamada Obra de Cristo, que segue os mesmos moldes da Afipe, com o objetivo de angariar doações para promover supostos trabalhos de evangelização.