Padre é preso suspeito de dopar e estuprar jovem em Goiás
Vítima disse que tinha 18 anos na época do crime, que teria sido praticado durante uma hospedagem na casa do suspeito, em Nova Crixás
atualizado
Compartilhar notícia
Um padre de 45 anos foi preso, temporariamente, suspeito de estupro contra um jovem em Nova Crixás, no norte de Goiás. De acordo com informações do processo judicial, o pároco teria pegado no órgão genital do rapaz e usado droga para dopá-lo. Na época, a vítima tinha 18 anos.
Ricardo Campos Parreiras tinha mandado de prisão em aberto, que foi cumprido na última quarta-feira (14/7), em Goiânia. A juíza Mariana de Queiroz decretou a prisão temporária dele no dia 8 de julho.
“Nota-se a presença dos pressupostos da materialidade do crime e fortíssimos indícios da autoria com relação ao acautelado, considerando as provas acostadas, inclusive depoimento da vítima e do psicólogo que a atendeu”, escreveu a juíza na sentença.
O jovem, hoje com 23 anos, contou à Justiça que demorou para fazer a denúncia porque tinha receio da repercussão do caso. Segundo ele, o padre era conhecido de seu avô, que nem desconfiava do suposto crime.
Hospedagem
Em depoimento à polícia, o jovem contou que o estupro aconteceu durante viagem com o avô para trabalho missionário em Nova Crixás. Ele teria conhecido o padre ao chegar à cidade goiana e, assim como seu avô, ficou hospedado na casa do pároco por cinco dias.
“Enquanto estive na casa, ele ficava puxando conversa e tentando se aproximar. Na última noite que dormi no local, ele me chamou na sala quando saí do banho. Achei estranho, porque era de noite, meu avô estava dormindo, mas fui lá conversar com ele”, contou ao G1.
O jovem disse que sentou em uma ponta do sofá e o padre na outra. Dessa forma, ficaram fisicamente afastados. Durante a conversa, segundo o rapaz, o pároco começou a abordar temas sexuais.
“Eu estava incomodado com o assunto. Ele percebeu e me ofereceu um suco de uva. Fiquei na dúvida porque sou bem pé a trás com tudo, mas aceitei. Enfim, era um padre, não desconfiei no momento. Ele colocou alguma droga no suco”, afirmou.
De acordo com o jovem, quando a suposta droga começou a fazer efeito, o padre iniciou a aproximação física. O rapaz relata que ele pegou três vezes em seu órgão genital e depois o mandou ir para o quarto, com a ressalva de deixar a porta trancada.
“Só lembro de acordar no outro dia com a calça folgada e todo molhado. Até tranquei a porta, mas acho que ele tinha uma cópia da chave. Nos dias seguintes, senti muita dor. Tenho certeza que fui drogado e estuprado por ele”, relatou.
Como o padre é conhecido do avô do jovem, os dois chegaram a se reencontrar no Rio de Janeiro, em 2019. “Fui até a casa do meu avô, sem saber que ele estava lá, e o reencontrei depois de dois anos do estupro. Ele veio até me pedir desculpa por ter tocado no meu órgão genital. Como ele é uma figura influente, fiquei com medo de ele fazer algo contra a minha família, mas tomei coragem e o denunciei”, disse.
Outro lado
A Arquidiocese de Goiânia informou que o padre pertence à Diocese de Miracema do Tocantins e estava na capital acompanhando a saúde da mãe. A reportagem questionou se o pároco estava cedido para alguma paróquia de Nova Crixás quando o crime teria acontecido e aguarda retorno.
O bispo Philip Eduard Roger Dickmans, responsável pela diocese de Miracema, preferiu não se pronunciar sobre o caso. O Metrópoles não conseguiu contato com a defesa do padre, que está preso no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na região metropolitana.