Padre desviou milhões e tinha imóveis de luxo com arte sacra, diz MP
Investigações apontam que padre desviou cerca de R$ 130 milhões de recursos públicos voltados para hospital e projetos humanitários na PB
atualizado
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O padre Egídio de Carvalho Neto, preso por suspeita de desviar milhões de um hospital e obras sociais na Paraíba, usou dinheiro público para comprar 29 imóveis em São Paulo e na Paraíba, segundo investigação da Polícia Civil e do Ministério Público.
Entre esses imóveis adquiridos pelo religioso estão um apartamento de R$ 2,4 milhões em João Pessoa (PB) e uma chácara de lazer em Pernambuco. Em ambos os casos, o interior dos imóveis é recheado de artes sacras. Esses detalhes foram revelados pelo Fantástico neste domingo (19/11).
Segundo a reportagem, o padre tinha cachorros na chácara que custariam cerca de R$ 15 mil. Também havia roupas de grife e vinhos caros, sendo que uma das garrafas custaria mais de R$ 2 mil. Os investigadores calculam que o religioso gastava cerca de R$ 100 mil por mês.
De acordo com a investigação, Egídio desviava recursos públicos do Hospital Padre Zé e de ações sociais. A igreja tinha um contrato com a prefeitura de João Pessoa e o governo estadual que totalizavam R$ 14 milhões.
Milhões desviados
Os desvios teriam começado em 2013 e somam cerca de R$ 130 milhões. A delegada da Polícia Civil, Karina Torres, relatou que, enquanto o padre tinha uma vida de luxo, faltavam equipamentos e recursos no hospital.
A diretora administrativa do hospital, Janine Dantas, e a supervisora da tesouraria, Amanda Duarte, também foram presas na operação policial.
Ainda segundo as investigações, o padre fazia o superfaturamento de projetos sociais e o valor que ficaria com o suposto grupo criminoso era anotado em um caderno como “devolução”.
Superfaturamento
Em uma ação com moradores de rua, a nota fiscal era de R$ 1 milhão, mas cerca da metade teria sido devolvida para o padre. O religioso também teria desviado recursos para uma ação humanitária com refugiados venezuelanos, de acordo com o inquérito.
Para o promotor do Ministério Público da Paraíba, Dennys Carneiro, isso só seria possível por causa da desorganização documental da área administrativa do hospital.
As duas mulheres presas na operação negam qualquer irregularidade. Já o padre Egídio ainda não se pronunciou sobre o caso.